Prefeito de São Paulo quer contribuição de 14% de servidor aposentado que ganha a partir de um salário mínimo
Cálculos do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) apontam que servidor perderá um mês de salário anualmente com contribuição defendida por Ricardo Nunes
Rodrigo Gomes, RBA - O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), enviou para a Câmara Municipal uma Proposta de Emenda à Lei Orgânica do Município que institui uma nova reforma da previdência. Segundo a proposta, aposentados que ganham a partir de um salário mínimo terão de contribuir com 14% para a previdência municipal.
O conjunto de projetos enviados pelo prefeito Ricardo Nunes é classificado pelos servidores municipais como o primeiro pacote de maldades do atual mandatário. Entre eles, se destaca a proposta de aprofundar a reforma da previdência municipal, cujas alterações mais recentes foram feitas em 2018, no governo de Bruno Covas (PSDB), antecessor e parceiro de chapa de Nunes em 2020.
A Proposta de Emenda à Lei Orgânica do Município número 7, de 2021, propõe que os servidores aposentados que ganham de um a seis salários mínimos contribuam com uma alíquota de 14% para previdência municipal. Hoje, esses trabalhadores são isentos.
Cálculos do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep) indicam que um servidor aposentado que receba R$ 3 mil, passará a contribuir com R$ 277 por mês, o que vai resultar na perda de mais de um salário anualmente.
Além disso, o projeto ressuscita a proposta de colocar os servidores em um plano de previdência privada com capitalização, separando os trabalhadores em dois grupos: um que continuará contribuindo para a previdência municipal e outro que contribuirá no novo sistema.
Ataque contra servidores
O Secretário de Comunicação do Sindsep, João Gomes, avalia que a proposta vai aprofundar os problemas da previdência, já que os servidores que optarem pela previdência privada com capitalização deixarão de contribuir para a previdência municipal.
“Tem o problema da segregação de massa, separando os servidores que entraram até 2018 dos novos servidores. Na prática, os novos não contribuirão para o fundo anterior e criará uma capitalização individual. A lei ainda permite que ele cobre uma alíquota suplementar além dos 14%. É um ataque profundo.”
Além disso, a proposta do governo Nunes também pretende uma ampla adequação com a reforma da previdência realizada pelo governo de Jair Bolsonaro. Nesse sentido, estabelece que a idade mínima para os servidores se aposentarem com o salário integral suba de 60 para 65 anos, com 35 anos de contribuição, no caso dos homens. E de 55 para 62 anos, com 30 anos de contribuição, no caso das mulheres. No caso dos professores, a regra considera cinco anos a menos, em ambos os casos.
Professores
O projeto também prevê que sejam estabelecidas as mesmas regras de transição da reforma da previdência federal. Entre elas, o pedágio de 100%, em que servidores que estão perto de se aposentar precisam duplicar o tempo que falta, a partir da entrada em vigor da reforma, caso aprovada. Por exemplo, um servidor que está há cinco anos de se aposentar, passa a ter que trabalhar mais dez anos.
Outra regra é a de pontos, em que a soma da idade e do tempo de contribuição precisa resultar em 98 pontos para os homens e 88 para as mulheres. A partir do próximo ano, vai somando um ponto por ano até 2035.
O presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo, Claudio Fonseca, considera a proposta um grave ataque aos servidores e indica que as categorias devem entrar em greve contra a proposta.
“Se aprovada, a prefeitura ampliará a idade mínima para aposentadoria dos servidores públicos e aumentará o tempo de contribuição. No magistério, as mulheres terão o acréscimo de sete anos na idade mínima para aposentar. Além de criar fundos financeiros e previdenciários, estabelecendo a cobrança de previdência para aposentados. Nós não podemos permitir a aprovação desse confisco do salário.”
Para ser aprovada, a nova reforma da previdência municipal precisa ser aprovada por dois terços dos vereadores, em duas votações na Câmara Municipal.
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