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    Protesto em BH denuncia falta de participação de atingidos no acordo sobre tragédia da barragem do Fundão, em Mariana

    Movimento dos Atingidos por Barragens realizou manifestação em frente ao TRF6 criticando a exclusão de atingidos nas negociações de reparação socioambiental

    (Foto: Divulgação)

    247 - O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) realizou na manhã desta segunda-feira (17), em Belo Horizonte (MG), uma manifestação em frente ao Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF6) para denunciar a exclusão dos atingidos nas negociações sobre o acordo de reparação socioambiental decorrente do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). O desastre, ocorrido em 2015, envolveu as mineradoras Vale, BHP Billiton e Samarco.

    O protesto reuniu cerca de 150 pessoas de 14 municípios da Bacia do Rio Doce, destacando a campanha "Revida Mariana - Justiça para limpar essa lama" e o lema "Água e saúde - Direitos que não têm preço". Segundo o coordenador nacional do MAB, Thiago Alves, o movimento denuncia que o processo de repactuação Rio Doce tem avançado de forma autoritária, desvalorizando os direitos dos atingidos. "A campanha está nas ruas para denunciar esse processo que rebaixa valores e desrespeita os direitos dos atingidos", afirmou Alves.

    Outro ponto de crítica levantado pelo movimento é a tentativa do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) de impedir ações de reparação fora do Brasil. "Estamos denunciando a ação do Ibram, que quer atacar os municípios envolvidos em ações internacionais contra as empresas. Isso é uma vergonha e um ataque ao direito dos atingidos de buscarem justiça onde for necessário", destacou o coordenador do MAB.

    Na semana passada, as mineradoras Vale, BHP e Samarco apresentaram uma nova proposta de acordo no valor de R$ 140 bilhões pelo crime ambiental. Desse montante, R$ 37 bilhões já teriam sido investidos em reparação e compensação, R$ 21 bilhões seriam destinados a obrigações futuras, e R$ 82 bilhões seriam pagos ao Governo Federal, aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e aos municípios, em parcelas anuais ao longo de 20 anos. Esse último valor representa pouco mais de R$ 4 bilhões por ano, cerca de 10% do lucro médio anual da Vale em 2023.

    Ainda nesta manhã, o MAB participou de uma reunião no Ibama em Belo Horizonte, onde apresentaram suas demandas e cobraram maior participação popular no comitê interfederativo que gerencia as ações de reparação. "Estamos trazendo as questões estruturais das regiões atingidas, principalmente no que diz respeito à violação do direito à água", explicou Thiago Alves.

    À tarde, o MAB estará presente em uma audiência pública na comissão de administração da Assembleia Legislativa de Minas Gerais para discutir os direitos dos atingidos, continuando a mobilização em prol de uma reparação justa e inclusiva.

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