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    PT elege Juiz de Fora, cenário da facada, como cidade símbolo da retomada democrática

    "Juiz de Fora é símbolo desta retomada como espaço democrático, em favor das populações desfavorecidas, dos idosos, da acessibilidade e do bom funcionamento da vida do município", escreve a jornalista Denise Assis

    Paço Municipal de Juiz de Fora, Minas Gerais

    Por Denise Assis, para o Jornalistas pela Democracia 

    No dia 6 de setembro de 2018 Juiz de Fora entrou no mapa da história recente, como palco de uma facada que, desfechada contra o então candidato à presidência, Jair Bolsonaro, (então no PSL), atravessou o destino dos brasileiros. Fake ou não fake - como saber? – o episódio colocou a cidade da Zona da Mata mineira no caminho da urna de milhões de eleitores. Mudou o cenário da eleição decisiva para o país e virou de ponta cabeça a tendência progressista da cidade, que desde 1989 votou no PT em todos os níveis de candidatura.

    Daquele ano de 1989 em diante, apenas em uma ocasião o candidato petista apresentado ao eleitorado havia saído derrotado. Até então, o único revés petista foi o de 1994, quando Fernando Henrique Cardoso (PSDB) venceu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno. Nas eleições de 1989, 1998, 2002, 2006 e 2014, o PT sempre foi o mais votado na cidade, seja com Lula ou com a ex-presidente Dilma Rousseff. Sem esquecer o melhor desempenho de Lula, em Juiz de Fora, no ano de 2002, quando computou 225.524 votos na cidade, deixando o adversário do segundo turno, na ocasião, José Serra, na poeira da estrada. Serra computou à época apenas 45.011 votos.

    Com o objetivo de conquistar de volta o tradicional reduto petista, o PT nacional soltou, nesta semana, um manifesto nacional de apoio à candidatura da sua deputada federal em quarto mandato, Margarida Salomão, recolhendo assinaturas de todas as figuras de proa do partido, tais como: Luiz Inácio Lula da Silva, Gleisi Hofmann, Fernando Haddad, Luiz Dulci, Aloizio Mercadante e outros tantos nomes significativos, para dizer que Juiz de Fora é símbolo desta retomada como espaço democrático, em favor das populações desfavorecidas, dos idosos, da acessibilidade e do bom funcionamento da vida do município.

    Progressista na política, mas conservadora nos costumes e religiosa na essência, o “atentado” a Bolsonaro transformou os eleitores locais em fiéis torcedores pela vida de Bolsonaro, levando a que de 145.333 votantes - 52,36 % - depositassem seu nome nas urnas, enquanto Haddad totalizou 47,64%. Desde então, as disputas e discussões se deram alguns decibéis acima do habitual e o PT foi sendo espremido e empurrado para movimentos e coletivos de periferia e sindicatos, onde a sigla ainda tem algum acolhimento. No Centro e bairros de classe média, o que se viu foi uma avalanche de violência e ódio.

    Todo este cenário levou a que a cidade de Juiz de Fora fosse transformada, nesta semana, para a direção do PT, em cidade símbolo de virada e resistência. No início do mês, para reforçar esta decisão, o ex-ministro, o secretário-geral da presidência dos governos Lula, Luiz Dulci visitou a cidade com um recado muito claro de Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente do PT, Gleisi Hoffmann: Juiz de Fora deve ser uma das prioridades do PT nas eleições municipais de outubro.

    “Estamos trabalhando para definir quais serão nossas prioridades nas eleições de outubro e quais serão as principais cidades definidas pelo partido. Certamente, Juiz de Fora será uma destas em Minas Gerais, pois se trata de uma cidade muito importante do ponto de vista prático e simbólico, de onde já saiu governadores e presidente da República”, considerou o ex-ministro. 

    Neste cenário, Dulci reforçou sentimento que domina os bastidores da política da cidade de que o nome favorito do partido para disputar a Prefeitura é o da deputada federal pelo partido, Margarida Salomão, que já tentou chegar ao Poder Executivo municipal nos últimos três pleitos (2008, 2012 e 2016), sempre indo para o segundo turno.

    Os habitantes de Juiz de Fora reconhecem em Margarida a ex-reitora da UFJF, que conduziu com brilhantismo a gestão à frente da verdadeira cidade que é a instituição. Encravada em uma região de três milhões de habitantes, por ela circulam cerca de 20 mil pessoas diariamente, entre docentes, alunos e trabalhadores administrativos. No Congresso, Margarida travou luta renhida contra a aprovação da reforma da Previdência e combateu o ministro Abraham Weintraub nas suas investidas contra as universidades públicas, na condição de coordenadora da Frente Parlamentar em Defesa das Universidades Federais e da Comissão de Desenvolvimento Urbano.

     É autora da Emenda Constitucional 85, que estimula o desenvolvimento científico, tecnológico e a inovação, com o objetivo de impulsionar a pesquisa nacional e a criação de soluções tecnológicas para o setor produtivo. Área totalmente abandonada pelo governo atual. Participou ativamente da elaboração e aprovação do Plano Nacional de Educação, como Membro Titular da Comissão Especial, criada para tratar deste tema. 

    No próximo final de semana um encontro de delegados, com certeza, irá referendar a decisão da direção nacional. Vai dar Margarida.

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