Rio das Ostras: há 22 anos, grupo se mantém no poder

Clique Diário - Rio das ostras é conhecida como a cidade do crescimento. Em 10 anos, cresceu cerca de 190%. O município que se transformou completamente desde o seu período de emancipação, não percebe nenhuma mudança na política desde o seu primeiro prefeito.

Desde 1992, quando se emancipou, Rio das Ostras vem vivendo uma tranquilidade política. A tão disputada corrida eleitoral parece não existir em RO, como é conhecida. Sucessivos acordos garantem o domínio tranquilo do poder por um mesmo grupo, que já vem exercendo mandatos desde o assassinato do primeiro prefeito, Cláudio Ribeiro.

Logo após a morte do primeiro prefeito eleito da cidade, Cláudio Ribeiro, assassinado após um suposto rompimento com seus financiadores de campanha, o líder comunitário e bancário Alcebíades Sabino foi sugerido como sucessor de Cláudio, que apesar da baixa popularidade, teve em sua morte uma grande comoção popular. A primeira vitória de Sabino (então PSDB), em 1996 (ele também disputou as eleições de 1992, ficando em terceiro lugar), se deu em parte pela indicação forçada feita pelo falecido prefeito, e em parte pela sua atuação à frente da Associação de Moradores de Rio das Ostras, a AMARIOS. Sabino teve 6.446 votos, contra 5.485 de Gelson Apicelo (PDT), o segundo colocado. Carlos Augusto (PSDB), que viria a ser o próximo prefeito da cidade, foi o candidato a vereador mais votado das eleições, com 863 votos. É nesse período então, que começa a trajetória do grupo que se mantém no topo da política riostrense.

Mantendo-se no poder durante dois mandatos, Sabino preparou o terreno para seu sucessor Carlos Augusto, que já vinha demonstrando gosto pela longa duração no poder: como vereador se manteve como presidente na câmara durante 12 anos consecutivos, um fato inédito no Brasil.

Carlos Augusto foi eleito prefeito de Rio das Ostras em 2004, com forte apoio do então prefeito Alcebíades Sabino, que durante o mandato do seu sucessor, continuou dando as cartas no governo. Sabino manteve secretários, indicou cargos e se manteve presente na política da cidade de maneira indireta. Em 2006, quando Carlos Augusto exercia seu terceiro ano como prefeito da cidade, Sabino foi eleito deputado estadual no Rio de Janeiro, cargo que não exerceu por conta de um convite para assumir a Secretaria de Trabalho e Renda no governo do ex-governador do estado Sergio Cabral, trabalho que rendeu poucos frutos a Sabino, em visita á Rio das Ostras em 2008, Cabral desqualificou Sabino dizendo que o mesmo, fez muito pouco como secretário. O ex-presidente da Alerj, Jorge Picciani também criticou Sabino naquele momento, acusando-o de fazer um uma gestão muito mais preocupada com o turista do que com o morador. Neste momento, sugere-se um primeiro rompimento entre Sabino e Carlos Augusto. Um queria continuar, o outro, voltar ao poder. Carlos Augusto é reeleito, com 24.502 votos, contra 23.180 de Sabino, agora filiado ao PSC. Um vídeo postado no site youtube mostra um suposto esquema de compra de votos realizado pelo prefeito eleito. Assista ao Vídeo AQUI.

Sabino é cassado pela primeira vez.

Em outubro de 2008, surge o que viria ser uma constante na carreira de Sabino, então deputado estadual tem seu mandato cassado por denúncias de corrupção eleitoral. O Ministério Público Eleitoral apreendeu, no dia da eleição, com um cabo eleitoral de Sabino, uma lista com nomes de eleitores e respectivas seções eleitorais, além de folhetos com fotos de Sabino. O ministério público também encontrou, na casa de um vereador que teria contratado o cabo eleitoral três blocos de autorização de abastecimento de veículos, sem preenchimento, uma folha com anotações e nomes de eleitores, duas caixas com panfletos dos candidatos e R$3 mil divididos em três maços de R$1 mil, todos em cédulas de R$20. Sabino se manteve no cargo graças a uma liminar da justiça.

Entra governo e sai governo, mas nada muda

Um dos marcos que comprova a parceria estabelecida entre os prefeitos de Rio das Ostras, Alcebíades Sabino e Carlos Augusto, é o fato de após assumir o cargo, o prefeito mantenha secretários do governo anterior. Um dos exemplos é o do secretário municipal de fazenda, João Batista Esteves Gonçalves, que comanda uma das secretarias mais importantes do governo, desde o mandato de 2004 de Carlos Augusto.

Outro que está no governo desde quando Carlos Augusto era prefeito é o secretário de Urbanismo e Obras, pasta extremamente importante para o governo. O secretário Wayner Fajardo foi nomeado em 26 de Novembro de 2010 e se mantém no cargo até hoje. Como noticiado pelo DIÁRIO DA COSTA DO SOL e Clique Diário (leia aqui), Wayner Fajardo tinha ligações com empresa que possui contratos com a prefeitura. O secretário que iniciou seu trabalho na era Carlos Augusto, foi responsável técnico pela empresa TEC PAV Construtora .LTDA, dona dos seguintes contratos com a prefeitura: reformas de seis postos de saúde, no valor de R$ 611.929,00 (seiscentos e onze mil, novecentos e vinte e nove reais), implantação de rede de drenagem, calçadas e pavimentação das ruas São Fidélis e Bom Jesus de Itabapoana e construção de calçada na rua Itaperuna, no bairro Jardim Mariléia, no valor de R$ 827.354,80 (oitocentos mil, trezentos e cinquenta e quatro reais e oitenta centavos, além da urbanização do entorno do Posto de Saúde localizado na Avenida Linda, no loteamento Novo Rio das Ostras, que teve valor de R$ 432.915, 46 (quatrocentos e trinta e dois mil, novecentos e quinze reais e quarenta e seis centavos.

Sabino recebe as chaves da cidade, novamente

Eis que chegam as eleições municipais de 2012. Sabino é eleito com 76,87% dos votos válidos, com um acordo explícito firmado entre os dois, que faz com que o PDMB de Carlos Augusto não lance seu candidato a sucessão, e dê apoio a candidatura de Sabino, facilitando sua vida nas urnas. Sabino governará até 2016, isso, se a sentença assinada pelo juiz Henrique Assumpção de Almeida, que ao acatar a denúncia do Ministério Público, cassou o mandato do prefeito, sob acusação de fraude e superfaturamento na compra de combustível no posto Campomar. Segundo a denúncia, a prefeitura também teria pago, sem licitação, valores mais elevados do que os praticados no mercado. O secretário de Administração Eloi Dutra dos Reis e os proprietários do Posto Campomar também foram condenados na ação.