Rivaldo Barbosa sobre o caso Marielle: "não mato formiga, vou matar uma pessoa?"
Preso em uma penitenciária federal, o ex-delegado resolveu elogiar a ex-vereadora. "Sorria com dentes brancos que contrastavam com sua pele morena"
247 - Ex-chefe da Polícia Civil do estado do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa de Araújo, que está preso, negou ter atuado para evitar punição aos irmãos Brazão, apontado por investigadores como os mandantes do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada por integrantes do crime organizado em março de 2018, num lugar sem câmeras na região central da capital. No depoimento, o ex-delegado afirmou que a psolista era sua amiga, "sorria com dentes brancos que contrastavam com sua pele morena" quando conversava.
"Eu não mato nem uma formiga, vou matar uma pessoa? Marielle me ajudou na vida. Só cheguei aqui porque ela me ajudou. Jamais faria nada contra ela", disse em depoimento ao gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes.
De acordo com investigadores, o deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) e Domingo Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas da União (TCU), foram os mandantes do assassinato. Policiais apuram se o motivo fo crime foram as denúncias feitas por Marielle contra a exploração imobiliária ilegal principalmente na Zona Oeste da cidade do Rio (RJ), onde os irmãos têm mais influência política.
Nas investigações, o ex-delegado foi citado por Ronnie Lessa, ex-policial militar preso por ter dados os tiros que mataram a então parlamentar. Outro miliciano detido foi Élcio de Queiroz, que admitiu ter dirigido o carro de onde partiram os disparos contra Marielle.
Em delação premiada, Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, afirmou que o delegado teria usado seu poder de então chefe da Polícia Civil do Rio para proteger os mandantes do assassinato e garantir que o crime não fosse solucionado. O deputado federal Chiquinho Brazão e o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingos Brazão, são apontados também como mandantes.
Domingos Brazão está preso na penitenciária federal em Porto Velho (RO). O seu irmão foi para a penitenciária federal de Campo Grande (MS). Barbosa está na penitenciária federal de Mossoró (RN).
Há pelo menos 5 réus pelo assassinato. Além dos 3, outra pessoa alvo da investigação é o Major Ronald, que, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), monitorava a rotina de Marielle. Outro réu é Robson Calixto Fonseca, conhecido como Peixe, acusado de fornecer a arma usada no crime.
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