São Paulo lidera assassinatos de pessoas trans e travestis no Brasil
Relatório da Antra revela que estado registrou 16 mortes em 2024 e mantém a liderança no ranking nacional desde 2017
247 - O estado de São Paulo segue como o mais letal para a população trans e travesti no Brasil, de acordo com o dossiê publicado pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) nesta segunda-feira (27). Segundo o levantamento, foram registradas 16 mortes em 2024, destaca o Metrópoles. No acumulado entre 2017 e 2024, São Paulo também lidera com 151 assassinatos, consolidando-se como o estado mais violento para essa população.
Os dados da Antra apontam que Minas Gerais ocupa a segunda posição no ranking de homicídios contra pessoas trans, com 12 casos em 2024, seguido pelo Ceará (11) e pelo Rio de Janeiro (10). No total, o Brasil registrou 122 assassinatos de pessoas trans e travestis no último ano, uma redução em relação a 2023, quando houve 145 casos. No entanto, pelo 16º ano consecutivo, o país segue sendo o que mais mata essa população em todo o mundo.
Perfil das vítimas
O dossiê da Antra traça um perfil detalhado das vítimas da violência transfóbica no Brasil. Entre os principais dados, destacam-se:
- A maioria das vítimas eram jovens trans entre 15 e 29 anos;
- A expectativa de vida da população trans no Brasil é de apenas 35 anos, e a maior parte das vítimas tinha idade inferior a essa média;
- Grande parte das pessoas assassinadas vivia em situação de vulnerabilidade social e tinha o trabalho sexual como fonte primária ou secundária de renda;
- Em 2024, dos 86 casos em que foi possível determinar a raça, 78% das vítimas eram pessoas trans negras;
- Das 122 pessoas assassinadas, 117 eram travestis ou mulheres trans, enquanto cinco eram homens trans ou pessoas transmasculinas.
Violência extrema e impunidade
Outro dado alarmante revelado pelo dossiê é a brutalidade dos crimes. Segundo a Antra, pelo menos 89% dos assassinatos de pessoas trans e travestis no Brasil em 2024 apresentaram "requintes de crueldade", caracterizados pela multiplicidade de ferimentos, uso de força excessiva, impossibilidade de defesa da vítima e participação de múltiplos agressores.
Além disso, entre os 99 casos em que foi possível identificar o local do crime, 67 ocorreram em espaços públicos, especialmente no período noturno, evidenciando a falta de segurança para essa população.
Para Bruna Benevides, presidente da Antra, os números expostos no relatório reforçam a urgência de políticas públicas eficazes para reduzir os homicídios e a violência contra pessoas trans.
"Um dos principais objetivos desse trabalho é confrontar a omissão do Estado, para que sejam pensadas políticas e estratégias para enfrentamento e erradicação da transfobia", afirma Benevides.
Ela também destaca a luta histórica da comunidade trans e travesti no Brasil.
"Nossa existência é resistência, e resistiremos hoje, assim como resistimos no passado, com a certeza de que nossa luta é justa e necessária para a construção de um futuro onde ser trans não seja um ato de coragem, mas um direito fundamental", enfatiza.
Medidas urgentes
O relatório da Antra propõe uma série de ações para o enfrentamento da violência contra a população trans e travesti no Brasil. Entre as principais recomendações, estão:
- Implementação de cotas trans em universidades, abrangendo estudantes, docentes e técnicos-administrativos, além da inclusão desse público em empresas contratadas pelo setor público;
- Reserva de vagas em concursos públicos para pessoas trans e travestis;
- Ações educativas em escolas para combater a transfobia desde a infância;
Investigação de ataques orquestrados por grupos organizados em redes sociais, como os chamados "gabinetes do ódio".
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