Secretário que vai acabar com livros nas escolas paulistas foi sócio de empresa de equipamentos eletrônicos
Gestão de Tarcísio de Freitas decide não utilizar livros didáticos e opta por material digital, enquanto secretário Renato Feder tem ligação com empresa de equipamentos eletrônicos
247 – Em uma decisão polêmica, o secretário da Educação do estado de São Paulo, Renato Feder, anunciou nesta terça-feira (1) que a gestão do governador Tarcísio de Freitas não utilizará os 10 milhões de exemplares para os alunos do ensino fundamental 2 (6º ao 9º ano) no próximo ano, optando por material digital em vez de livros didáticos. Pela primeira vez, as escolas estaduais paulistas não receberão os livros do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), administrado pelo Ministério da Educação (MEC). Essa medida, no entanto, ganha ainda mais destaque por uma revelação sobre o próprio secretário.
Renato Feder, que assumiu o comando da Educação no estado de São Paulo a partir de janeiro do próximo ano, foi membro efetivo do conselho de administração de uma empresa de informática, a Multilaser. De acordo com levantamento feito pelo site Metrópoles com dados da Secretaria da Fazenda paulista, a empresa da qual Feder foi o principal sócio faturou R$ 192 milhões com a venda de equipamentos para a pasta que ele irá comandar.
O futuro secretário da Educação foi co-CEO da Multilaser Industrial S/A entre 2003 e 2018, quando passou a ocupar os cargos de vice-presidente da empresa e presidente do conselho. Posteriormente, em 2019, Feder renunciou a essas posições após assumir a pasta da Educação no governo de Ratinho Júnior, no Paraná. Desde maio do ano passado, ele é conselheiro da companhia.
As informações sobre a venda milionária de equipamentos para a Secretaria da Educação levantam questionamentos sobre possíveis conflitos de interesse e suscitam dúvidas sobre a motivação por trás da decisão de abandonar os livros didáticos impressos em favor do material digital.
A ação do governo paulista, que possui a maior rede de ensino do país com cerca de 5 milhões de alunos, representa 15% do PNLD. Através desse programa, o MEC adquire livros didáticos para todas as escolas públicas brasileiras, movimentando R$ 1 bilhão e 150 milhões em obras por ano.
Segundo o titular da Educação, a aula será conduzida com base em recursos digitais, como slides em Power Point, enquanto os alunos utilizariam papel e caneta para anotações e exercícios. A justificativa para a mudança seria evitar confusões para os professores e também questionamentos sobre a qualidade dos livros do PNLD.
A decisão, no entanto, tem sido alvo de críticas por parte de diversas entidades, incluindo o presidente da Associação Brasileira de Livros e Conteúdos Educacionais (Abrelivros), Angelo Xavier. Ele destaca que a ausência dos livros impressos trará prejuízos significativos para toda a cadeia do livro, afetando autores, gráficas, indústria do papel e o corpo editorial. Além disso, ressalta que nem todos os estudantes têm acesso à tecnologia, como celulares, computadores e internet, o que pode prejudicar o processo de aprendizagem.
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