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    "Senhor das Armas": PF mira policial aposentado como chefe de esquema que enviou dois mil fuzis de Miami ao Rio

    Operação Cash Courier desvenda rede criminosa que abasteceu o CV com armas de guerra; alvo principal é Josias João do Nascimento, ex-agente da PF

    Fuzis apreendidos (Foto: PCRJ/Divulgação)
    Camila França avatar
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    247 - A Polícia Federal (PF) deu um passo crucial para desmantelar um dos maiores esquemas de tráfico internacional de armas que abasteceu o crime organizado no Rio de Janeiro. Nesta quinta-feira (20), a Operação Cash Courier cumpriu 14 mandados de busca e apreensão, com foco no policial federal aposentado Josias João do Nascimento, de 56 anos, apontado como o verdadeiro chefe por trás de Frederick Barbieri, conhecido como o "Senhor das Armas". As informações foram apuradas pela TV Globo e confirmadas pela PF.

    Segundo as investigações, o esquema liderado por Josias e Barbieri enviou cerca de 2 mil fuzis de Miami para o Rio de Janeiro, com destino a favelas controladas pelo Comando Vermelho (CV). O ex-agente da PF é suspeito de comandar a operação criminosa de dentro de uma mansão no condomínio de luxo Alphaville, na Barra da Tijuca. Até o fechamento desta reportagem, não havia confirmação sobre a presença de Josias no local durante as buscas. A defesa do investigado ainda não se manifestou.

    Outro alvo das buscas foi Marcelo Lopes Santhiago Geraldo, identificado como miliciano da comunidade do Terreirão, no Recreio dos Bandeirantes. Durante a ação, Marcelo atirou contra os policiais que cumpriam o mandado em sua residência, localizada em um condomínio de alto padrão no mesmo bairro. Nenhum agente foi ferido, e o suspeito foi preso em flagrante por tentativa de homicídio após tentar fugir. A arma utilizada por ele não possuía registro.

    Além das buscas, a Justiça determinou o bloqueio e sequestro de bens e ativos no valor de R$ 50 milhões, ligados ao esquema criminoso. Os investigados responderão por crimes como tráfico internacional de armas, organização criminosa, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, corrupção ativa e passiva.

    A origem do esquema

    A investigação teve início em 2017, com a apreensão de 60 fuzis no Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. As armas, do tipo AK-47 e AR-10 — destinadas a tropas de elite —, estavam escondidas dentro de aquecedores de piscina e foram enviadas de Miami. Na época, o caso foi atribuído a Frederick Barbieri, que já havia sido condenado pela Justiça dos Estados Unidos por tráfico internacional de armas.

    A PF descobriu que Barbieri utilizou pessoas físicas e jurídicas para adquirir imóveis e bens, com o objetivo de lavar o dinheiro obtido com a venda do arsenal. A rede criminosa, que inclui Josias João do Nascimento, é o alvo principal da operação desta quinta-feira, que conta com o apoio do Ministério Público Federal (MPF), do Comitê de Inteligência Financeira e Recuperação de Ativos (Cifra/Polícia Civil do RJ) e da Secretaria Nacional de Segurança Pública.

    A prisão do "Senhor das Armas"

    Frederick Barbieri foi preso em fevereiro de 2018, em sua casa na Flórida, por agentes do Serviço de Imigração e Alfândegas dos Estados Unidos (ICE). Na ocasião, a polícia americana encontrou 52 fuzis, 49 deles com numeração raspada, além de 2 mil projéteis e material de empacotamento em um galpão alugado por ele em Vero Beach. O brasileiro foi condenado a 12 anos e 8 meses de prisão por um tribunal federal de Miami, além de ter tido US$ 9,6 milhões confiscados.

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