Apoio do BNDES aos carros voadores da Embraer coroa décadas de uma parceria de sucesso
Do jato regional ERJ 145 aos carros voadores, BNDES e Embraer têm trajetória de parceria no desenvolvimento da aviação brasileira
247 - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) liberou um financiamento de R$ 500 milhões para a Eve Air Mobility, empresa subsidiária da Embraer, instalar uma fábrica de eVTOLs, conhecidos como 'carros voadores', em Taubaté, no interior de São Paulo. A Eve anunciou a aprovação nesta terça-feira (15), e, embora ainda aguarde a autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), já se prepara para iniciar a produção em série dos veículos.
A expectativa é que a fábrica produza até 480 eVTOLs por ano, divididos em quatro fases, conforme a demanda do mercado. A produção será realizada em uma unidade da Embraer na região, e a entrega dos primeiros modelos está prevista para 2026. Quando alcançar sua plena capacidade, a unidade deverá empregar cerca de mil pessoas. Este financiamento complementa uma linha de crédito anterior de R$ 490 milhões, aprovada em 2022, destinada ao desenvolvimento dos eVTOLs da Eve. A nova fase do apoio do BNDES é voltada à estruturação da fábrica e inclui subcréditos de fontes nacionais e internacionais, com um prazo de quitação de 16 anos.
Para a Eve, a parceria com o BNDES reforça o compromisso do banco em promover iniciativas de mobilidade aérea urbana e descarbonização na aviação. Com quase três mil encomendas de eVTOLs de clientes em 13 países, a empresa vislumbra um potencial de receita de US$ 14,5 bilhões. As aeronaves da Eve são projetadas com asas fixas, oito motores e um motor traseiro, com capacidade para até quatro passageiros e autonomia de voo de 100 quilômetros.
Embraer é caso de sucesso com apoio do BNDES
O apoio do BNDES à Embraer não é de hoje. Um estudo de Paulus Vinicius Fonseca destaca que o suporte do BNDES e do governo brasileiro, combinado à capacidade técnica da Embraer, foi fundamental para o sucesso da empresa. Fundada em 1969 pelo governo brasileiro, a Embraer tinha o objetivo de desenvolver a indústria aeronáutica em um país de grande extensão territorial. Rapidamente, a empresa se destacou no mercado de aeronaves regionais e de defesa, com produtos de sucesso como o Bandeirante (1973) e o Brasília (1985).
Enfrentando dificuldades financeiras, a Embraer foi privatizada em 1994. Esse processo trouxe desafios como altos níveis de endividamento e a necessidade de uma profunda reestruturação. Em 1995, Maurício Botelho assumiu como CEO e iniciou uma transformação, reorganizando a estrutura administrativa, reduzindo o quadro de funcionários e focando na adaptação ao mercado. A privatização também abriu espaço para um novo ciclo de crescimento, marcado pelo lançamento do jato regional ERJ 145, que se tornou um sucesso comercial e ajudou a Embraer a se reerguer financeiramente.
A empresa enfrentou concorrência acirrada da canadense Bombardier, tanto no mercado quanto em disputas comerciais na Organização Mundial do Comércio (OMC). Ambas foram acusadas de receber subsídios governamentais, o que gerou controvérsias internacionais. Nesse contexto, o BNDES desempenhou um papel estratégico no suporte financeiro à Embraer, especialmente no período pós-privatização. Um exemplo disso foi o financiamento concedido para o desenvolvimento do jato ERJ 145, que já havia começado antes da privatização, mas que exigia investimentos adicionais. O BNDES emprestou US$ 115 milhões para viabilizar o projeto, garantindo a continuidade e o sucesso desse modelo de aeronave.
O BNDES também foi mencionado em uma disputa comercial entre a Embraer e a Bombardier, onde o Canadá questionou o papel do banco no financiamento das exportações da Embraer por meio do Programa de Financiamento às Exportações (PROEX). A disputa chegou à OMC, com acusações de que o Brasil concedia subsídios indevidos à Embraer através do PROEX, utilizando recursos do BNDES para facilitar a venda de aeronaves a juros subsidiados.
Ao longo dos anos, a Embraer também desenvolveu uma nova linha de jatos regionais, como o ERJ 170, 190-100 e 190-200, visando ampliar sua presença no mercado global, especialmente nos Estados Unidos e na Europa. Em 1999, a empresa formou uma aliança estratégica com empresas francesas do setor aeroespacial e de defesa, adquirindo 20% das ações da Embraer. A parceria ajudou a expandir sua atuação no setor de defesa e a aumentar suas capacidades tecnológicas. A empresa adotou ainda uma estratégia de terceirização e parcerias com fornecedores internacionais para reduzir custos e melhorar a eficiência na produção de aeronaves, além de manter um foco constante em inovação, design e atendimento ao cliente para se destacar no mercado.
Em resumo, o BNDES foi um parceiro crucial para a Embraer, viabilizando projetos estratégicos e participando de programas de financiamento que ajudaram a empresa a conquistar um espaço relevante no cenário internacional.
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