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    Corte de 0,5 ponto na Selic é insuficiente, afirma presidente da CNI

    Ricardo Alban afirma que a situação controlada da inflação permite redução maior da taxa básica de juros

    Ricardo Alban (Foto: Gilberto Sousa/CNI)

    Da Agência CNI - O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, considera que a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de manter o ritmo de redução da taxa básica de juros (Selic) em apenas 0,5 ponto percentual é insuficiente e penalizará ainda mais a atividade econômica no Brasil. Para Alban, ampliar a redução da Selic é compatível com o atual cenário de inflação sob controle e fundamental para reduzir os custos de financiamento.

    “A situação da inflação no Brasil já permite, há algum tempo, uma redução mais intensa dos juros reais. O Copom também tem que considerar em suas decisões o prejuízo que a elevada taxa básica de juros vem provocando à economia”, afirma o presidente da CNI. “A CNI entende que, mantido o cenário de inflação sob controle, é imprescindível uma aceleração no ritmo de redução da taxa Selic já na próxima reunião do Copom”, acrescenta Alban.

    O quadro inflacionário do país segue positivo. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que foi de 5,60% no acumulado em 12 meses até fevereiro de 2023, fechou em 4,50% nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2024, ficando dentro do limite superior da meta de inflação para 2024 (4,5%).

    “Nesse cenário, é importante que o Banco Central compreenda a realidade brasileira e dê a sua contribuição para a tão necessária redução do custo financeiro suportado pelas empresas, que se acumula ao longo das cadeias produtivas, e pelos consumidores. Sem essa mudança urgente de postura, fica mais difícil avançar na agenda de neoindustrialização, o que, consequentemente, anula oportunidades de mais prosperidade econômica para o país”, enfatiza o presidente da CNI.

    Expectativas para a inflação também são favoráveis - Além da desaceleração da inflação corrente, as expectativas também são positivas. Conforme o Relatório Focus, do Banco Central, as projeções são de inflação de 3,79%, no fim de 2024, e de 3,51%, no fim de 2025. Importante destacar que, em janeiro deste ano, as expectativas para 2024 eram de 3,90%. As expectativas estão em queda e sinalizam novamente para o cumprimento da meta de inflação, mas em condição ainda melhor do que o observado em 2023, pois, além do respeito ao limite superior, deve haver aproximação do centro da meta (3,0%).

    Outra razão para um corte mais intenso da taxa Selic, na avaliação da CNI, são os prejuízos que as taxas de juros reais elevadas estão provocando na economia brasileira. Mesmo com as cinco reduções da taxa Selic realizadas desde agosto de 2023, a taxa de juros real – que desconsidera os efeitos da inflação – ainda está em 7,5% ao ano, portanto 3,0 pontos acima da taxa de juros neutra, aquela que não estimula nem desestimula a atividade econômica.

    Esse patamar muito elevado da taxa de juros real se reflete no mercado de crédito, com aumento no nível de inadimplência e redução nas concessões. A inadimplência da carteira de crédito com recursos livres às empresas, que era 2,2% em janeiro de 2023, subiu para 3,4% em janeiro de 2024. Ademais, as concessões de crédito com recursos livres às empresas recuaram 5,5%, em termos reais, no acumulado dos últimos 12 meses até janeiro de 2024, frente ao acumulado dos 12 meses imediatamente anteriores.

    Condições adversas afastam investimento - As condições adversas no mercado de crédito limitam o consumo e afastam o investimento, punindo a atividade econômica do país. Não à toa, o PIB ficou estagnado nos dois últimos trimestres de 2023, e o investimento (Formação Bruta de Capital Fixo), elemento essencial para o crescimento econômico sustentável, recuou 3,0%, na comparação de 2023 com 2022.

    Além disso, as expectativas para a atividade econômica brasileira em 2024 não são animadoras. Segundo projeções do Fundo Monetário Internacional (FMI), o PIB brasileiro deve crescer 1,7% em 2024, enquanto nos países emergentes e de renda média o crescimento do PIB deve ser de 4,0%, em média.

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