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    Cuidar da saúde metabólica pode proteger contra doenças mentais

    Um novo estudo de pesquisadores suecos sugere haver a ligação entre as altas taxas de glicose e triglicérides e o risco de desenvolver depressão e ansiedade

    Laboratório (Foto: REUTERS/Amanda Perobelli)

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    Por Gabriela Cupani, da Agência Einstein - Altas taxas de glicemia e triglicérides, bem como baixo HDL (o colesterol bom), podem afetar o cérebro e, portanto, a saúde mental. Um estudo publicado em abril no Jama Network Open reforça que existe uma associação entre a saúde metabólica e o risco de desenvolver doenças como depressão e ansiedade.

    Já havia evidências dessa relação, mas ainda inconsistentes. Para tentar trazer mais dados sobre o tema, pesquisadores do Instituto Karolinska, na Suécia, acompanharam cerca de 200 mil pacientes ao longo de 21 anos. Todos faziam parte de um estudo chamado Amoris (Apoliprotein-Related Mortality Risk Cohort), que incluiu monitoramento dos níveis de lipídios, carboidratos e apoliproteínas (proteínas que se ligam a lipídios) no sangue. Depois, os autores cruzaram essas informações com diagnósticos de depressão, ansiedade e transtornos de estresse desses voluntários. 

    Ao fim do acompanhamento, níveis elevados de glicemia e triglicérides foram associados com o maior risco de apresentar doenças como depressão, ansiedade e transtornos do estresse, enquanto altas taxas de HDL tiveram relação com a queda delas. Além disso, os pacientes que desenvolveram transtornos mentais tinham taxas mais elevadas desses marcadores duas décadas antes do diagnóstico. 

    Sabe-se que as doenças mentais são multifatoriais e não é possível apontar uma única causa, nem uma única forma de preveni-las. “Mas a relação entre altos níveis de glicemia e triglicérides e baixo HDL e o risco de desenvolvimento dessas doenças podem ser explicados por uma combinação de fatores biológicos e comportamentais”, diz o psiquiatra Elton Kanomata, do Hospital Israelita Albert Einstein.  

    “Esses biomarcadores estão associados ao aumento da inflamação sistêmica, que, se for prolongada, é um fator de risco conhecido de várias condições de saúde mental. Além disso, a resistência insulínica, o estresse oxidativo e as alterações microvasculares decorrentes de uma pior saúde metabólica podem levar a danos neuronais e desregulação de neurotransmissores”, explica Kanomata. Segundo o especialista, a associação desses diversos fatores pode influenciar o humor e a cognição e, por fim, aumentar a possibilidade de adoecimento mental. 

    Por outro lado, os autores também especulam que esses transtornos predispõem a pessoa a hábitos pouco saudáveis, como dieta rica em alimentos ultraprocessados e doces, além do sedentarismo. “O estilo de vida desempenha um papel importante no desenvolvimento e na prevenção dos transtornos mentais. Sabe-se que dietas ricas em açúcar e gorduras saturadas, por exemplo, estão ligadas ao maior risco de depressão e ansiedade. Já a atividade física, além de liberar endorfinas, melhora a circulação cerebral e reduz os níveis de substâncias pró-inflamatórias”, observa Kanomata.  
    No entanto, uma vez instalado o transtorno, deve-se buscar a avaliação médica. Em alguns casos, é possível tratar com mudanças no estilo de vida e psicoterapia. Já nos quadros mais persistentes, moderados e graves, é aconselhável a associação de medicamentos e medidas não farmacológicas.

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