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    "Desinformação em saúde vira estratégia política para populismo anticiência", alerta pesquisador

    Igor Sacramento, da Fiocruz e UFRJ, analisa como narrativas antivacina e anticiência ganharam força, impactando a saúde pública e a cobertura vacinal

    (Foto: Polina Tankilevitch/Pexels)
    Camila França avatar
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    247 - Cinco anos após o início da pandemia de Covid-19, a desinformação em saúde continua a se espalhar, desde a negação das vacinas até a promoção de curas milagrosas. Para entender o que mudou e o que permaneceu no cenário midiático e das redes sociais desde 2020, a Lupa conversou com Igor Sacramento, pesquisador e professor em Comunicação e Saúde na Fiocruz e UFRJ. Há oito anos investigando grupos antivacina em plataformas como Telegram e WhatsApp, Sacramento alerta para o impacto dessas narrativas na hesitação vacinal e na apropriação política do tema pela extrema direita e pelo neoliberalismo autoritário.

    “Investir na comunicação é o que está faltando para que possamos, se não vencer a batalha da desinformação em saúde, pelo menos batalhar de forma mais equânime”, afirma o especialista, que também atua no Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fiocruz.

    A hesitação vacinal, que já era um problema durante a pandemia, se expandiu para outras imunizações do calendário nacional. Doenças como meningite, sarampo e caxumba, que estavam controladas, correm o risco de retornar devido à queda na cobertura vacinal. “Muita gente nos grupos antivacina fala: ‘Ah, não tem mais essa doença. Não vou vacinar meu filho porque não vejo ninguém tendo’. Só que ninguém tem porque as pessoas se vacinaram”, explica Sacramento.

    A politização da saúde é outro fenômeno preocupante. “Vacinar se tornou, para alguns setores da sociedade, ‘uma coisa de comunista, de petista’”, destaca o pesquisador. Essa narrativa se alinha ao neoliberalismo autoritário, que promove a ideia de liberdade individual como justificativa para rejeitar políticas públicas de saúde.

    Para enfrentar o problema, Sacramento defende a educação midiática e científica como ferramentas essenciais. “Não é só para crianças, é um processo formativo contínuo. Os adultos também precisam ser educados midiática e cientificamente”, afirma. Além disso, ele ressalta a importância de investir em comunicação e infraestrutura para monitorar e combater a desinformação.

    “Enquanto não houver recursos e investimento para isso, vamos sempre estar atrás”, conclui Sacramento. A desinformação em saúde, portanto, não é apenas um problema de saúde pública, mas uma estratégia política que ameaça a democracia e o bem-estar coletivo. Combater esse fenômeno exige ações coordenadas e investimentos em educação, comunicação e tecnologia.

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