Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou acima dos 126 mil pontos pela primeira vez desde maio nesta quinta-feira (4), confirmando a quarta alta seguida, com sinalizações do governo federal em prol de cortes de gastos agradando agentes financeiros em um pregão de volume reduzido por feriado nos Estados Unidos.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 0,40%, a 126.163,98 pontos, marcando 126.659,95 pontos na máxima e 125.665,59 pontos na mínima da sessão. O volume financeiro somou 16,4 bilhões de reais, de uma média diária de 23,67 bilhões de reais em 2024.
A defesa da responsabilidade fiscal e a ausência de críticas ao Banco Central nos últimos discursos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, combinadas com o anúncio de potencial corte de 25,9 bilhões de reais em despesas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, apoiaram mais um dia positivo aos ativos brasileiros.
O dólar fechou em queda ante o real, enquanto a curva de juros mostrou alívio, apoiando principalmente ações de empresas sensíveis à economia doméstica. A performance do Ibovespa só não foi melhor em razão da queda dos papéis da Petrobras e Vale, que detêm juntas cerca de 26% do índice.
De acordo com o chefe da área de ações da AZ Quest, Welliam Wang, existem papéis que recuaram bastante na bolsa paulista, ficaram com o nível técnico muito estressado, então é possível que ocorram ajustes no curto prazo.
Mas ele ressaltou que para essa alta no mercado acionário ser mais estrutural, mais sustentada ao longo do tempo, são necessários mais detalhes sobre os cortes de gastos sinalizados e também reformas que realmente garantam a sustentabilidade do arcabouço fiscal.
"Sem reformas e apenas baseado em cortes ou otimização de custo... eu ainda sou cético com relação a esse número", afirmou o gestor, que também vê com ceticismo a chance de o governo apresentar propostas impopulares antes das eleições municipais, previstas para outubro deste ano.
O grupo de trabalho da Câmara dos Deputados que discute a regulamentação da reforma tributária também apresentou nesta quinta-feira o relatório do projeto, no qual foi incluída cobrança de Imposto Seletivo sobre jogos de azar e carros elétricos, liberando caminhões dessas cobranças.
O texto ainda traz inovações como um desconto maior na tributação do setor de construção civil, benefício para "nanoempreendedores" e ajuste em cobrança sobre minério e petróleo, segundo os parlamentares que compõem o colegiado.
Nos EUA, os pregões em Wall Street ficaram fechados em razão do feriado do Dia da Independência, mas o último pregão da semana naquele país conta com o relevante relatório de mercado de trabalho do governo, que costuma influenciar as expectativas sobre os próximos movimentos do Federal Reserve.
DESTAQUES
- VAMOS ON saltou 8,43%, uma vez que também se beneficia de um cenário de juros menores, enquanto o relatório da reforma tributária excluiu caminhões da lista de itens e serviços para a cobrança do Imposto Seletivo. Também no radar estiveram novos números mostrando alta nas vendas de caminhões no mês passado.
- EZTEC ON fechou com elevação de 5,15%, destaque no Ibovespa entre as construtoras, que também tendem a se beneficiar de um cenário mais tranquilo no mercado de juros. Além disso, o relatório da reforma tributária trouxe um desconto maior na tributação do setor de construção civil. O índice do setor imobiliário subiu 3,36%.
- LOJAS RENNER ON valorizou-se 6,44%, também pegando carona no ambiente mais positivo no mercado brasileiro como um todo, com o índice do setor de consumo encerrando em alta de 1,72%. Ainda no varejo, MAGAZINE LUIZA ON avançou 4,77%.
- ITAÚ UNIBANCO PN fechou com acréscimo de 0,15%, enquanto BRADESCO PN terminou com variação positiva de 0,41%.
- PETROBRAS PN recuou 1,37%, em dia de oscilações modestas do barril de petróleo Brent. O relatório do projeto da reforma tributária também ampliou o escopo a ser tributado no setor de petróleo, permitindo, por exemplo, que seja taxada a importação e a exportação da commodity.
- VALE ON perdeu 0,5%, após desempenho robusto na véspera, mesmo com alta dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou com alta de quase 1,8%. O relatório da reforma tributária também mudou a cobrança do Imposto Seletivo no setor -- de "bens minerais extraídos" para "bens minerais".

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Economia

Ibovespa registra a quarta alta consecutiva

SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de soja do Brasil fechou o primeiro semestre com alta de 2,23% na comparação com o mesmo período do ano passado, para 64,15 milhões de toneladas, apesar de o maior produtor e exportador mundial ter colhido uma safra menor em 2024 devido a intempéries.
O volume no acumulado do ano considera embarques de 13,95 milhões de toneladas de soja de junho, que ficaram levemente acima do mesmo mês do ano passado, conforme divulgado nesta quinta-feira pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex).
Considerando as previsões de safra e de exportação do Brasil para o ano, espera-se uma redução gradativa nas vendas externas da oleaginosa no segundo semestre. Para julho, a Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) já projeta embarques ao exterior de cerca de 9,5 milhões de toneladas.
A safra brasileira em 2024 está estimada em 152,5 milhões de toneladas, queda de 7,8 milhões de toneladas na comparação com o recorde de 160,3 milhões de toneladas da temporada passada, segundo números da associação da indústria Abiove.
A Abiove, contudo, vê um recuo menor na exportação anual brasileira do que na produção, de cerca de 4 milhões de toneladas, para 97,8 milhões de toneladas.
Considerando o total exportado no acumulado do ano até junho, com a projeção da Abiove para 2024, a indicação é de que os embarques ao exterior somem no segundo semestre cerca de 33,65 milhões de toneladas, o que deve dar mais espaço para as exportações de milho nos portos.
Esse volume indicado para o segundo semestre daria uma média hipotética mensal de 5,6 milhões de toneladas de soja.
No caso do milho, os embarques do primeiro semestre fecharam em 8,35 milhões de toneladas, queda de 28,2% na comparação com o mesmo período do ano passado, quando o Brasil fechou o ano com exportações recordes.
Assim como na soja, a safra de milho do Brasil sofrerá uma redução em 2024.
Considerando a expectativa de exportação da Agroconsult de 42,1 milhões de toneladas de milho para 2024, o Brasil deveria exportar 33,75 milhões de toneladas do cereal no segundo semestre, ou média de 5,6 milhões de toneladas por mês.
Em 2023, o Brasil exportou mais de 100 milhões de toneladas de soja e mais de 55 milhões de toneladas de milho, patamares jamais vistos em um único ano.
A queda anual na exportação de milho do Brasil, segundo a Agroconsult, considera também uma maior concorrência da Argentina, que vem com uma safra maior em 2024, e menor procura da China.
(Por Roberto Samora)

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Ibovespa registra a quarta alta consecutiva

Exportação de soja do Brasil fecha primeiro semestre com alta