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    Brasil critica Carrefour após comentário de presidente sobre carne do Mercosul

    "Parece-me que eles estão tentando encontrar algum pretexto para que a França não assine...a finalização do acordo Mercosul-União Europeia", disse Favaro

    Carlos Favaro, em evento do G20 (Foto: Guilherme Martimon / Mapa)

    BRASÍLIA (Reuters) - O governo federal criticou o varejista francês Carrefour depois que seu presidente-executivo prometeu manter a carne sul-americana fora das prateleiras da rede na França em solidariedade ao setor pecuário do país, classificando os comentários como parte de um esforço mais amplo para minar um acordo comercial do Mercosul com a União Europeia.

    O Ministro da Agricultura, Carlos Favaro, disse que a promessa do Carrefour é parte de uma "ação orquestrada" por empresas francesas para sabotar o pacto comercial entre a União Europeia e o Mercosul, que as autoridades pretendem finalizar este ano.

    Em publicação na mídia social dirigida aos líderes dos lobbies agrícolas da França na quarta-feira, o presidente-executivo do Carrefour, Alexandre Bompard, disse que o acordo UE-Mercosul apresenta "risco da produção de carne transbordar para o mercado francês, deixando de atender às suas exigências e padrões".

    "O Carrefour quer formar uma frente unida com o mundo agrícola e hoje está se comprometendo a não vender nenhuma carne do Mercosul", acrescentou.

    Representantes do Carrefour disseram à Reuters que o varejista atualmente não vende na França carne do Mercosul. A empresa não respondeu a perguntas sobre o abastecimento de suas lojas em outras partes da Europa.

    A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), que representa fornecedores de carne bovina, incluindo JBS, Marfrig e Minerva, chamou a promessa do presidente do Carrefour de "contraditória", já que o Carrefour Brasil opera 1.200 lojas no país, vendendo principalmente carne bovina brasileira.

    "Parece-me que eles estão tentando encontrar algum pretexto para que a França não assine...a finalização do acordo Mercosul-União Europeia", disse Favaro.

    No final de outubro, a Aprosoja Brasil, entidade que representa agricultores do país, afirmou que há "motivos de sobra" para produtores rurais brasileiros boicotarem a Danone após um alto executivo da companhia francesa dizer que a multinacional não mais compra a oleaginosa no país.

    Em uma declaração separada, o Ministério da Agricultura afirmou que os controles rigorosos do Brasil tornaram o país o maior exportador de carne bovina e de aves do mundo, vendendo para 160 países e atendendo aos padrões mais rigorosos, inclusive os da UE.

    Conrado Ferber, diretor do Instituto Nacional de Carnes do Uruguai, disse que a posição do Carrefour é "lamentável" e "comercialmente incompreensível" porque desconsidera a base do livre comércio que permite o crescimento das economias.

    Em uma declaração à Reuters nesta quinta-feira, o Carrefour esclareceu que os comentários do presidente-executivo se aplicam apenas às lojas na França e não estão relacionados à qualidade da carne do Mercosul, mas sim às preocupações do setor agrícola francês.

    O Carrefour disse que as unidades da empresa em todos os outros países onde o grupo está presente, incluindo o Brasil e a Argentina, podem continuar a comprar carne do Mercosul.

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