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    China aposta na inteligência artificial para revolucionar a agricultura

    Com tecnologias como o modelo DeepSeek e sensores 5G, o país moderniza o campo e melhora a vida de mais de 460 milhões de pessoas nas áreas rurais

    IA é usada para controle de pragas em estufa (Foto: Xinhua)
    Redação Brasil 247 avatar
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    Pequim, 23 de março (Xinhua) – A revolução tecnológica no campo chinês está em plena marcha. Em uma reportagem publicada pela agência Xinhua, foi revelado como a inteligência artificial (IA) está transformando a agricultura no país, trazendo ganhos de produtividade, precisão e sustentabilidade para um setor que impacta diretamente a vida de mais de 460 milhões de pessoas nas áreas rurais.

    Dentro de uma estufa inteligente em Chengdu, capital da província de Sichuan, dois robôs treinam patrulhas agrícolas com o apoio de câmeras de alta definição e conectividade com a nuvem. “Após integrar o modelo de linguagem DeepSeek, treinamos os robôs com dezenas de milhares de imagens para aprimorar a identificação de pragas. A precisão já supera os 80%”, explicou Wu Yuanqing, responsável pelo desenvolvimento da tecnologia. Segundo Wu, o avanço permite que os agricultores tomem decisões mais precisas e aumentem a eficiência da produção.

    O governo chinês tem adotado políticas estratégicas para promover o que chama de “novas forças produtivas de qualidade” no campo, incluindo o uso de IA, big data e sistemas de monitoramento de baixa altitude. Pela primeira vez, um documento oficial para 2025 coloca o desenvolvimento da agricultura inteligente como prioridade nacional.

    Um dos exemplos mais bem-sucedidos dessa transição é a cidade de Maoming, no sul da província de Guangdong, conhecida pelo cultivo de lichias. Em fevereiro, o modelo DeepSeek foi integrado à plataforma de assistência agrícola local, reunindo mais de cinco milhões de dados — desde registros meteorológicos até um banco de informações sobre doenças da fruta.

    Segundo Xu Hong, representante do departamento de assuntos agrícolas e rurais da cidade, já foram instalados 69 conjuntos de sensores conectados à internet via 5G, cobrindo 20 municípios produtores de lichia. Os sensores monitoram, em tempo real, desde a umidade do solo até a temperatura do ar, fornecendo alertas antecipados e planos de ação para evitar perdas por conta do clima.

    Zhang Xianfeng, agricultora da região, destacou como a IA mudou sua relação com o cultivo: “Antes, dependíamos exclusivamente da experiência. Aplicávamos fertilizantes por instinto e muitas vezes reagíamos tarde demais a doenças. Agora, o assistente inteligente nos dá orientações imediatas e precisas.” Em um episódio recente de tempo chuvoso e frio, Zhang recorreu ao sistema, que em segundos sugeriu um plano de manejo adequado para suas plantações.

    Segundo o Qianzhan Industry Research Institute, o mercado chinês de “IA + Agricultura” foi avaliado em cerca de 68,5 bilhões de yuans (aproximadamente 9,5 bilhões de dólares) em 2021, e a expectativa é que ultrapasse os 90 bilhões de yuans em 2024, com um crescimento anual médio de 10%.

    O professor Li Zhan, da Universidade Jiaotong do Sudoeste, vê grande potencial na aplicação da IA para o manejo de pragas, agricultura de precisão, mecanização automatizada e otimização de cadeias logísticas. “Tecnologias como o DeepSeek vão elevar a eficiência produtiva e a segurança alimentar, além de promover o uso racional dos recursos naturais”, afirmou.

    Apesar dos avanços, desafios persistem. A coleta de dados ainda é inconsistente, há preocupações com a privacidade e a adesão por parte dos agricultores é limitada em algumas regiões. Para Liu Jingjing, pesquisadora do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais, é necessário fortalecer a infraestrutura digital nas áreas rurais e formar mais especialistas em IA para garantir a integração plena da tecnologia à produção agrícola.

    O futuro da agricultura na China, impulsionado por robôs, sensores e algoritmos, aponta para um novo paradigma em que tradição e inovação caminham lado a lado. Como disse Zhang Xianfeng, “a experiência ainda conta, mas agora ela é guiada pela inteligência artificial”.

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