Exportação de açúcar do Brasil bate recorde anual até outubro, diz Secex
As proibições para vendas externas adotadas pela Índia, segundo produtor mundial, trouxeram também mais demanda para as usinas brasileiras
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de açúcar do Brasil no acumulado do ano até outubro já somou um novo recorde anual, superando a marca de 2023, de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em um mercado global no qual a Índia restringiu seus embarques e elevou as importações da commodity brasileira.
As proibições para vendas externas adotadas pela Índia, segundo produtor mundial atrás do Brasil, trouxeram também mais demanda para as usinas do país sul-americano, que detém cerca de 70% das exportações globais do açúcar bruto, notou a consultoria Argus.
Além disso, a Indonésia elevou as compras e passou a ser o maior destino do produto brasileiro, superando a China, de acordo com dados do governo brasileiro até setembro. Egito e Emirados Árabes Unidos também ampliaram as compras no Brasil.
O Brasil exportou 3,73 milhões de toneladas em outubro, segundo dados divulgados na tarde de quarta-feira pela Secex, aumento de quase 1 milhão de toneladas na comparação com o mesmo mês do ano passado.
O volume do mês passado elevou o total acumulado de janeiro a outubro para 32,14 milhões de toneladas, o que supera as 31,3 milhões de toneladas da exportação de açúcar pelo Brasil em todo o ano de 2023, segundo dados oficiais.
Além da demanda adicional, o Brasil contou com estoques de uma produção recorde da safra passada para ampliar suas exportações em 2024, permitindo embarques robustos já nos primeiros meses do ano.
O aumento na exportação acontece em meio a uma safra de cana menor no Brasil ante o recorde da temporada passada, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
"O aumento das exportações brasileiras em 2024 foi impulsionado pelas restrições das exportações de açúcar da Índia em novembro de 2023", destacou a Argus em nota à Reuters.
A Índia, maior consumidor e o segundo maior produtor de açúcar do mundo, limitou suas exportações depois de perdas pelo clima.
"Com a Índia fora do mercado internacional de exportação, o Brasil enviou mais volumes de açúcar tanto para a Índia quanto para outros lugares que costumavam importar do país asiático", concluiu a consultoria.
No acumulado de janeiro a setembro, o Brasil exportou 2,2 milhões de toneladas de açúcar para a Índia, alta de 72% ante o mesmo período no ano passado, segundo dados da Argus, citados em relatório, e do governo brasileiro.
As exportações para a Indonésia totalizaram 2,6 milhões de toneladas nos nove primeiros meses do ano, aproximadamente o triplo do volume embarcado entre janeiro e setembro de 2023.
As exportações para os Emirados Árabes Unidos quase triplicaram nos nove meses para aproximadamente 2,1 milhões de toneladas, ante 731,8 mil toneladas no mesmo período do ano passado, segundo os dados do governo.
Já o Egito importou 1,6 milhão de toneladas do açúcar brasileiro até setembro, mais que o dobro do mesmo período do ano passado.
(Por Roberto Samora)
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