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    Exportação de café verde do Brasil aumenta 10,5% em outubro e marca recorde, apontam estatísticas

    'O resultado de outubro foi, sem dúvida, muito bom para o comércio exportador de café do Brasil', disse o Conselho dos Exportadores de Café

    Trabalhador em colheita de café em Varginha, Minas Gerais (Foto: REUTERS/Roosevelt Cassio)

    Por Roberto Samora

    SÃO PAULO (Reuters) - A exportação de café verde do Brasil atingiu em outubro um recorde para todos os meses, somando 4,567 milhões de sacas de 60 kg, com aumento de 10,5% na comparação com o mesmo período do ano passado, informou nesta segunda-feira o Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé).

    Os embarques do mês passado apagaram a melhor marca histórica do Brasil para cafés verdes, que havia sido registrada em novembro de 2020, de acordo com dados do Cecafé, cuja série de dados começou em janeiro de 1990.

    As fortes exportações do maior produtor e exportador global, embaladas em preços 45,8% mais altos na comparação com outubro de 2023, para uma média de 282,80 dólares/saca, acontecem apesar de limitações logísticas nos portos brasileiros, destacou a entidade.

    "Esse resultado de outubro foi, sem dúvida, muito bom para o comércio exportador de café do Brasil, pois demonstra o engajamento das empresas e de suas equipes de logísticas para consolidar seus embarques, buscando alternativas, como as exportações de cinco navios de 'break bulk', para honrar os compromissos com os clientes internacionais", disse o presidente do Cecafé, Márcio Ferreira, em nota.

    Nessa modalidade de exportação, os exportadores colocam o produto nos chamados "big bags" de cerca de 1 tonelada cada, diretamente nos navios, e não em contêineres, como acontece normalmente.

    O Cecafé tem citado repetidamente atrasos nas exportações devido a problemas de infraestrutura portuária para cargas que são transportadas em contêineres.

    Apesar do recorde em outubro, Ferreira ressaltou que "ainda há um grande volume de café parado nos portos".

    "Os exportadores seguem enfrentando desafios logísticos para consolidarem seus embarques devido à continuidade dos elevados índices de atrasos de navios e rolagens de cargas", disse o presidente do Cecafé.

    De acordo com ele, o aumento na demanda por contêineres para a exportação de café, açúcar e algodão, somado à falta de infraestrutura portuária adequada para atender produtos conteinerizados, contribuiu para os elevados índices de atrasos dos navios e rolagens de cargas.

    "O Cecafé vem mantendo diálogo com os terminais portuários e demais entes do comércio exterior na expectativa de buscar apoio e esforços para o atendimento às cargas de café, mesmo diante de todos os desafios do pátio", disse ele, citando a necessidade de mais investimentos.

    ARÁBICA E ROBUSTA

    O volume recorde foi alcançado com um crescimento de 7,2% nas exportações de café arábica, para 3,696 milhões de sacas, enquanto os embarques de canéforas (robusta e conilon) somaram 871,2 mil sacas, alta de 26,9%.

    Considerando as exportações de produtos industrializados (café torrado & moído e solúvel), os embarques de outubro também marcaram um novo recorde, a 4,926 milhões de sacas, acima das 4,77 milhões de sacas de novembro de 2020, apontaram os dados do conselho dos exportadores.

    A marca histórica vista em outubro foi obtida apesar de os embarques de canéforas não terem sido recordes, ainda que elevados historicamente --o maior volume para grãos conilon e robusta foi obtido em agosto deste ano (945 mil sacas), com o Brasil avançando em mercados antes atendidos pelo Vietnã, que sofre com uma oferta menor.

    O próprio Vietnã, maior produtor de robusta, vem aparecendo como um importador importante do café do Brasil.

    De janeiro ao fim de outubro deste ano, as exportações brasileiras de café somam 41,456 milhões de sacas, volume histórico para o período e que representa um incremento de 35,1% em relação ao embarcado nos mesmos dez meses do ano passado.

    A receita gerada com as exportações no acumulado do ano somou 9,875 bilhões de dólares, também recorde no intervalo e uma alta de 53,8% na mesma comparação.

    A Alemanha apareceu como o principal destino dos cafés do Brasil no acumulado de 2024, com 6,640 milhões de sacas, o que equivale a 23,9% de todas as exportações. Os Estados Unidos, com 23,4% de representatividade, adquiriram 6,522 milhões de sacas (+30,9%) e ocupam o segundo lugar no ranking.

    Na sequência, vêm Bélgica, com a importação de 3,618 milhões de sacas; Itália, com 3,330 milhões de sacas; e Japão, com 1,840 milhão de sacas.

    O Brasil também tem exportado para outros países produtores, como o México, que lidera a tabela com a aquisição com 871.766 sacas do produto in natura, o que representa um aumento de 155,3% frente ao comprado de janeiro a outubro de 2023.

    O Vietnã ampliou suas importações dos cafés verdes brasileiros para 607.233 sacas, com elevação de 432,8% sobre o volume adquirido nos dez primeiros meses do ano anterior.

    O Cecafé destacou ainda a performance para a Índia, que ampliou em 1.356% suas compras dos cafés em grão do Brasil, para 225.936 sacas.

    (Por Roberto Samora)

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