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    MT tem colheita de soja mais lenta em 7 anos, impactando janela do milho

    Tempo chuvoso torna a situação mais preocupante, não só para a soja, mas também para a segunda safra de milho

    Milho (Foto: REUTERS/Nacho Doce)
    Redação Brasil 247 avatar
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    (Reuters) - O Brasil começou a colheita da safra de soja 2024/25, com os trabalhos alcançando 0,3% da área cultivada até a última quinta-feira, contra 2,3% vistos um ano atrás, à medida que chuvas pressionam neste início as atividades em Mato Grosso, que registrou o menor índice para esta época desde a temporada 2017/18, de acordo com dados da AgRural.

    A colheita teve início em três Estados do Centro-Oeste, no Paraná e em áreas irrigadas da Bahia e de Minas Gerais, apontou a consultoria, que destacou as chuvas constantes em Mato Grosso, o maior produtor brasileiro de soja.

    "Embora a safra do Estado tenha grande potencial e ainda não haja queixas quanto à perda de qualidade dos grãos, a umidade dificulta a entrada das máquinas em campo", disse a AgRural, em relatório.

    O Mato Grosso havia colhido apenas 0,5% da área até quinta-feira passada, o menor índice para o período em sete anos, detalhou o analista da AgRural Adriano Gomes, em entrevista à Reuters.

    O dado de colheita está em linha com o levantado pelo Instituto Mato Grossense de Economia Agropecuária (Imea), que apontou 0,7% da área colhida até sexta-feira.

    Um atraso nos trabalhos em Mato Grosso, que responde por mais de um quarto da safra brasileira, era esperado após um plantio inicialmente mais lento, assim como se espera uma concentração da colheita, como foi o plantio.

    Mas Gomes chamou a atenção para o tempo chuvoso, algo que torna a situação mais preocupante, não só para a soja, mas também para a segunda safra de milho.

    "As chuvas frequentes atrapalham não só a perda de umidade de áreas já prontas (para colher), mas também tem a preocupação com o alongamento do ciclo por excesso de chuva e dias nublados, e isso era um risco, e agora começa a ser uma realidade", afirmou o analista.

    Ele explicou que as poucas áreas que estão sendo colhidas agora em Mato Grosso estão indo para o algodão. "O produtor que irá fazer algodão safrinha vai priorizar plantar algodão nas primeiras áreas colhidas com soja. Isso deve deixar o plantio do algodão bem concentrado", afirmou.

    "Para o milho, caso a segunda quinzena de janeiro fique muito chuvosa, já deve impactar na saída da soja do início de fevereiro. E se fevereiro ficar chuvoso, deve sim espremer ainda mais que o esperado a janela da safrinha", pontuou.

    Uma safra mais concentrada gera maiores riscos climáticos e logísticos, para o escoamento e armazenamento. Além disso, quanto antes o milho for plantado, melhor, já que ao final do ciclo a lavoura do cereal fica mais sujeita a períodos de seca, à medida que o inverno se aproxima.

    Com a colheita da soja 2025/25 ainda lenta, a semeadura do milho "safrinha" 2025 está restrita a alguns talhões irrigados em Mato Grosso e Goiás, segundo a AgRural. "O padrão de chuvas frequentes e a prioridade no plantio da safrinha de algodão deixam os trabalhos do cereal ainda sem somar percentual" no país.

    A AgRural estima a produção total de milho na safra 2024/25 em 121,3 milhões de toneladas, mas o número passará por revisão mensal na segunda quinzena de janeiro.

    FALTA DE CHUVA AO SUL - Já em outras áreas, como a região Sul e no sul de Mato Grosso do Sul, o problema para a soja é a falta de chuvas regulares e o calor, acrescentou a AgRural em relatório, reafirmando alerta feito por analistas ouvidos pela Reuters na semana passada.

    "Para soja, a grande preocupação do momento é esse tempo mais seco desde a virada do ano na faixa que vai do sul de Mato Grosso do Sul, passa por parte do norte e oeste do Paraná e vai até o Rio Grande do Sul", afirmou Gomes.

    "Precisa chover urgente nessas regiões. Algumas áreas de soja mais afetadas pela estiagem já têm perdas de potencial produtivo, uma parcela dessas áreas, que receberam um pouco mais de umidade no início do ano e estão em fase vegetativa podem recuperar parte do potencial perdido", acrescentou.

    Ao longo desta semana, as regiões ao Sul do Brasil voltarão a receber chuvas, mas os volumes ficarão abaixo da média em partes de Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, segundo dados da LSEG.

    Em dezembro, a AgRural estimou a produção brasileira de soja na safra 2024/25 em recorde de 171,5 milhões de toneladas, mas a estimativa está em revisão e um novo número será divulgado ainda neste mês, segundo relatório.

    Quanto ao milho primeira safra, a colheita 2024/25 chegou a 1,3% da área cultivada no centro-sul na última quinta-feira, ante 5,1% observados no mesmo período do ano passado, de acordo com levantamento da AgRural.

    (Com reportagem adicional de Gabriel Araujo)

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