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    'A União Europeia que se vire', diz Lula sobre acordo com o Mercosul

    Preisidente disse que França teria que disputar mercado com o queijo mineiro

    Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante participação no evento Diálogos Capitais - Carta Capital, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Brasília (DF) (Foto: RICARDO STUCKERT/PR)

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    Brasil de Fato - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (14), que os países do Mercosul estão prontos para assinar o acordo com a União Europeia, lembrando que o acordo está emperrado principalmente por dificuldades impostas pela França, que adota uma postura protecionista em relação aos seus produtores.

    "Agora depende da União Europeia. A União Europeia que se vire. Agora depende deles, não depende mais de nós", declarou, em discurso no painel de abertura do ciclo de debates Diálogos Capitais. O evento, organizado pelo editorial Carta Capital, em comemoração dos seus 30 anos, aconteceu na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília (DF).  

    Na mesa de abertura, o presidente prestou homenagem ao fundador da Carta Capital, Mino Carta, a quem classificou como o maior jornalista vivo do Brasil. "Mino Carta é, indubitavelmente, o maior jornalista vivo deste país. Ele foi o primeiro jornalista, em 1975, que fez uma capa da IstoÉ comigo, durante as greves dos metalúrgicos do ABC", disse Lula.

    O petista também fez referência à proliferação de desinformação nas redes sociais, e a necessidade de meios de comunicação sérios, comprometidos com a verdade, capazes de ajudar a "derrubar a muralha da intolerância" que foi erguida nos últimos anos. "Lamentavelmente, a gente está precisando de muita informação correta porque nós estamos vivendo numa época do fim do argumento. O argumento já não serve de muita coisa", declarou.   

    Integração latino-americana 

    Sobre a integração nacional e latino-americana, o presidente da República afirmou que se reuniu com dezenas de chefes de Estado e governo do mundo, principalmente da América Latina, para discutir as ações de integração regional, considerada "imprescindível" pelo presidente. "O futuro está aqui, perto de nós", declarou.   

    "Quando eu voltei à Presidência, o entorno regional voltou a ser prioridade do nosso governo. Nos últimos anos, permitimos que conflitos e disputas se sobrepusessem aos interesses da região", disse. "Eu não esqueço nunca, que o [Hugo] Chávez, antes de ser presidente, era professor da academia militar da Venezuela. E a aula que ele dava era dizendo que o Brasil era o inimigo, o império", relatou.   

    O presidente destacou as conquistas dos seus primeiros governos em relação à integração latino-americana. "Nós construímos a Unasul [União de Nações Sul-Americanas], continuamos com o Conselho de Defesa da América do Sul, abrimos mão da Alca [Área de Livre-Comércio das Américas], criamos a Celac [Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos], reforçamos o Mercosul. Quando nós entramos no governo, o comércio com a Argentina, o fluxo éra de R$ 7 bilhões e, quando terminamos o governo era de R$ 39 bilhões".

    Lula afirmou que está determinado, assim como o conjunto do governo, a recuperar o papel de protagonista no cenário das relações internacionais e destacou que as divergências ideológicas entre os governos da região devem ser menorizados.   

    Emergência climática 

    Lula destacou o papel da região no enfrentamento às mudanças climáticas. "A América do Sul possui biomas fundamentais para o combate às mudanças no clima", disse o presidente, que citou ainda os esforços do governo para a realização da Conferência do Clima, a COP 30, em Belém, em 2025, e reafirmou o compromisso do governo em caminhar rumo à descarbonização e a transição energética.  

    Relações com a China e defesa da democracia 

    O presidente anunciou que, após a reunião do G20, marcada para novembro, haverá um encontro bilateral com a China para discutir uma parceria estratégica a longo prazo. E se comprometeu a entregar o governo com um país melhor do que recebeu.  

    "O Brasil vai terminar o meu mandato em uma situação altamente privilegiada, como foi em 2010", prometeu. "Mesmo que dê errado, vai dar certo", brincou.    

    Lula também reiterou que fará uma reunião com chefes de Estado de países democráticos durante a reunião da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro. 

    Os ciclos de debates Diálogos Capitais acontecem de maio a novembro deste ano, em celebração dos 30 anos do editorial Carta Capital. A primeira rodada de debates, em maio, debateu a reindustrialização sustentável e exportações. O último ciclo acontece em novembro para debater o futuro do trabalho e as reformas que o país precisa. 

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