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Amorim adia saída de Caracas e diz que 'procura a verdade' sobre o resultado eleitoral na Venezuela

Ex-chanceler diz que sem as atas das urnas "fica difícil o reconhecimento" da reeleição de Nicolás Maduro

Ex-chanceler Celso Amorim dá entrevista à Reuters em São Paulo 18/10/2022 (Foto: REUTERS/Carla Carniel)

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247 - A missão liderada pelo assessor internacional da Presidência da República, Celso Amorim, que inicialmente deveria deixar Caracas nesta segunda-feira (29) após o almoço, só retornará ao Brasil na terça-feira (30), conforme confirmado pelo próprio ex-chanceler ao jornal O Globo. O governo brasileiro ainda não possui elementos suficientes para reconhecer a reeleição de Nicolás Maduro, anunciada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) na noite de domingo. Questionado sobre o pleito, Amorim citou um pensador romano: “sou amigo de César, mas sou mais amigo da verdade. Estou procurando a verdade”.

Ainda conforme a reportagem, Amorim consultará nas próximas horas, observadores internacionais, analistas locais e manterá diálogos com governos estrangeiros. Ele já conversou com Gerardo Blyde, coordenador da oposição nos diálogos com o governo de Maduro e um dos principais interlocutores do presidente Lula (PT) na oposição venezuelana. “É meio difícil ter a proclamação do resultado com solenidade [como acontecerá em Caracas dentro de algumas horas], sem ter a transparência, a disponibilidade das atas”, disse Amorim. 

“O sistema não permite manipulação. A dúvida que pode haver é se o total [de atas] corresponde ao que de fato cada mesa produziu”, completou. Ainda segundo o diplomata, sem as atas verificadas, destacou Amorim, “fica difícil o reconhecimento [do resultado do pleito]”.

As conversas de Amorim e sua equipe com outros governos ocorrem desde sábado (27), com muitos desses governos aguardando a posição que será adotada pelo Brasil, baseada nas informações que Amorim fornecerá ao presidente Lula.

Existem dúvidas de ambos os lados. O Brasil, segundo a reportagem,  buscará certezas tanto sobre o que o CNE afirma quanto sobre as denúncias de fraude da oposição. Uma das fontes mais confiáveis para a missão chefiada por Amorim é o Centro Carter. Enviados das Nações Unidas também estão dialogando com representantes do governo brasileiro.

Nesta segunda-feira, Amorim reiterou que foi “um grave erro a União Europeia ter dado motivo ou pretexto para ser desconvidada [pelo governo venezuelano para ser observador]”. O governo de Maduro argumenta que a UE não suspendeu, como prometido, as sanções contra o país e seus funcionários, incluindo a vice-presidente Delcy Rodríguez. “[Se a UE tivesse vindo] não teria acontecido nada disso”, ressaltou. .

Amorim e sua equipe também querem ouvir atores locais e setores da oposição, mas deverá haver contato com a líder opositora María Corina Machado, já que o Brasil não fará qualquer gesto que possa ser interpretado como apoio, por mais sutil que seja, às denúncias de fraude feitas por María Corina e pelo candidato presidencial Edmundo González Urrutia.

A missão enviada por Lula, que se tornou peça central da representação internacional em Caracas, também está em contato com ex-presidentes que dialogam com o governo de Maduro e a oposição. Um deles é o ex-presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, que recentemente esteve com Maduro e González Urrutia.

Na região, o Brasil está em conversas com os governos da Colômbia, México e Estados Unidos. Os EUA declararam abertamente não reconhecer o resultado anunciado pelo CNE. O governo do presidente colombiano Gustavo Petro aposta em uma posição conjunta com o Brasil, embora ainda não esteja claro se isso ocorrerá.

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