Após atentado a Evo Morales, Arce condena violência e determina investigação
Ex-presidente da Bolívia Evo Morales compartilhou, na manhã deste domingo, um vídeo que mostra o carro onde estava sendo alvejado por tiros
247 - O presidente da Bolívia, Luis Arce, se pronunciou neste domingo (27) sobre um "suposto atentado" contra o ex-presidente Evo Morales, ocorrido em meio a uma crise de protestos e bloqueios que paralisam diversas regiões do país. Em comunicado oficial, Arce afirmou que "o exercício de qualquer prática violenta na política deve ser condenado e esclarecido. Não é com a busca de mortos que se resolvem os problemas, nem com especulações tendenciosas. Por isso, diante da denúncia do ex-presidente Evo Morales sobre um suposto atentado contra sua vida, ordenei uma investigação imediata e minuciosa para esclarecer este fato."
O episódio, que ocorreu durante um dos dias mais tensos da recente onda de protestos, foi registrado por Morales em vídeo e amplamente divulgado nas redes sociais. Na gravação, o ex-presidente aparece ao telefone, ao lado de seu motorista, relatando que "estão atirando em nós" e apelando por apoio imediato. O veículo foi alvejado por 14 disparos.
O incidente ocorre em um momento crítico, no qual seguidores camponeses de Morales realizam bloqueios em estradas estratégicas para evitar sua possível prisão, sob alegações de um caso de abuso de menor, que Morales rechaça e classifica como "mentira arquivada em 2020". Os bloqueios, que se estendem por quase duas semanas, impactaram o abastecimento de combustíveis e elevaram os preços dos alimentos, agravando ainda mais a situação econômica do país.
Diante dos impactos, Arce tomou medidas severas para liberar as rotas afetadas. Mais de 1,7 mil policiais e 113 veículos foram mobilizados para desbloquear os pontos críticos, principalmente na região de Cochabamba, considerada um reduto de Morales. Em confrontos intensos entre a polícia e os manifestantes pró-Morales, ao menos 14 policiais ficaram feridos, e 44 civis foram detidos, conforme informou a imprensa local. Os conflitos mais violentos foram registrados em Parotani, um ponto estratégico na rota entre Cochabamba e La Paz.
Em resposta, Morales declarou que os bloqueios continuarão e criticou a postura de Arce, alegando que “o povo são e honesto não se vende, nem se rende. A luta vai continuar”. Ele também acusou o presidente de desrespeitar o povo e negligenciar a crise econômica. A tensão entre os dois líderes se reflete na declaração de Arce, que respondeu que “não permitirá que o interesse de uma pessoa se sobreponha ao bem-estar coletivo”, em alusão a Morales.
De acordo com a Administradora Boliviana de Rodovias, ainda há 16 pontos de bloqueio pelo país. O governo boliviano tenta equilibrar a contenção da crise de abastecimento com o esforço de preservar a segurança nacional em meio à crescente tensão política.
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