Brasil e Paraguai discutem desdolarização da energia de Itaipu
"A proposta nossa de Itaipu é sair da dolarização. Aliás, essa é uma tendência que o presidente Lula tem cobrado muito", disse o diretor-geral brasileiro Enio Verri
247 - O Brasil está negociando com o Paraguai a adoção de uma nova moeda para a comercialização da energia gerada pela usina hidrelétrica de Itaipu. O movimento visa reduzir a dependência do dólar nas transações internacionais. "A proposta nossa de Itaipu é sair da dolarização. Aliás, essa é uma tendência que o presidente Lula tem cobrado muito em todas as operações com nossos parceiros de outros países, sair da dependência do dólar e criar uma única moeda que seja a moeda para a comercialização, para as negociações internacionais. Itaipu, e a compra dessa energia, está dentro desse conceito”, disse o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Enio Verri, em entrevista ao g1 e à GloboNews.
A iniciativa faz parte das negociações do "anexo C" do Tratado de Itaipu, que rege as regras para a comercialização da energia gerada pela usina binacional. Segundo o tratado, o "anexo C" poderia ser revisto após 50 anos de vigência, um marco alcançado em 2023. Brasil e Paraguai acordaram finalizar essa renegociação até o final de 2024. Atualmente, a energia de Itaipu custa US$ 17,66 por quilowatt ao mês (kW-mês), conforme dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
A proposta de desdolarização da energia de Itaipu está alinhada com a visão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de criar uma moeda comum para o comércio entre países sul-americanos. Em maio do ano passado, Lula propôs a criação dessa moeda, uma ideia que já havia sido discutida anteriormente com o então presidente da Argentina, Alberto Fernández. Embora inicialmente tenha gerado especulações sobre a criação de uma moeda única nos moldes do euro, o governo brasileiro esclareceu que a intenção é estabelecer uma moeda de referência para facilitar o comércio, e não para substituir as moedas nacionais.
A possível desdolarização das transações de Itaipu representa um passo significativo na política econômica regional e pode fortalecer a integração econômica na América do Sul. Além disso, a mudança pode reduzir a vulnerabilidade às flutuações do dólar e promover maior estabilidade econômica para Brasil e Paraguai.
Com o prazo para a conclusão das negociações do "anexo C" se aproximando, as expectativas estão altas para ver como essa transformação afetará não apenas o comércio de energia, mas também a dinâmica econômica entre os países sul-americanos. As negociações contínuas serão essenciais para definir os termos dessa nova fase de cooperação econômica regional.
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