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    Brasil não foi avisado de plano de Milei para maior controle na fronteira

    No governo brasileiro, as declarações da ministra são vistas como "mais uma bravata" da administração de Milei

    Presidente da Argentina, Javier Milei, discursa em evento, em Montevidéu, no Uruguai - 06/12/2024 (Foto: REUTERS/Mariana Greif)
    Redação Brasil 247 avatar
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    247 - A ministra da Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, anunciou um reforço nos controles fronteiriços com o Brasil, alegando preocupações com a criminalidade e o fluxo de mercadorias entre os dois países. No entanto, de acordo com apuração da CNN Brasil, nem o governo brasileiro nem a Polícia Federal foram informados sobre os planos do governo de Javier Milei ou convidados para qualquer tipo de cooperação.

    A declaração de Bullrich ocorreu poucos dias após o anúncio da construção de uma cerca de 200 metros de extensão e 2,80 metros de altura na fronteira com a Bolívia. A ministra afirmou que pretende intensificar a fiscalização em regiões como Bernardo de Irigoyen, cidade da província de Misiones, que faz divisa com Dionísio Cerqueira (SC) e Barracão (PR). Segundo ela, há "um problema muito sério" nas chamadas cidades-gêmeas, onde é possível transitar livremente entre os países.

    Entre os motivos citados para o aumento da fiscalização, Bullrich mencionou "assassinatos por pistoleiros" e a desvalorização do peso argentino em relação ao real, o que estimularia um grande fluxo de mercadorias cruzando a fronteira. "Estamos fortalecendo passo a passo as diferentes fronteiras (...) ocuparemos estes pontos e com esses pontos, podemos dizer que temos uma fronteira muito mais controlada", afirmou a ministra em entrevista a uma rádio argentina.

    Entretanto, fontes dos dois países afirmam que não há registros recentes de aumento da criminalidade na região mencionada por Bullrich, tampouco um fluxo migratório que gere preocupação. Ainda assim, uma fonte do governo argentino confirmou à CNN Brasil que está sendo avaliada a possibilidade de empregar as Forças Armadas para reforçar a vigilância nas áreas fronteiriças. No entanto, não há definições sobre os locais específicos nem sobre o efetivo que seria deslocado.

    Bravata ou política de segurança?

    No governo brasileiro, as declarações da ministra são vistas como "mais uma bravata" da administração de Milei, e há ceticismo sobre a viabilidade do plano. Além de considerarem o discurso político inflado, integrantes do Palácio do Planalto apontam dificuldades financeiras enfrentadas pelo governo argentino, o que tornaria improvável a construção de novas barreiras físicas na fronteira.

    Um dos exemplos citados para ilustrar os desafios econômicos da Argentina é a recente adoção de placas de papel para veículos, em substituição às de metal, devido à falta de dólares para a compra da matéria-prima. Autoridades argentinas chegaram, inclusive, a solicitar ao Brasil que aceitasse a entrada de veículos com essas identificações improvisadas.

    Apesar de duvidarem da concretização da medida, autoridades brasileiras veem com preocupação o simples fato de o tema estar sendo discutido. O governo Lula teme que a retórica anti-imigratória, já consolidada nos discursos de Donald Trump e de líderes de extrema direita na Europa, se espalhe pela América Latina. No entanto, segundo fontes do Planalto, a política migratória do Brasil permanecerá inalterada, garantindo a acolhida de imigrantes em seu território.

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