EUA não participaram diretamente da tentativa de golpe na Bolívia, mas poderiam ter contatos com militares, diz especialista
"Certamente, eles veriam isso [a mudança de poder na Bolívia] com bons olhos", disse Viktor Heifets ao lembrar que a Bolívia vende lítio à China e à Rússia
Sputnik - Os Estados Unidos não estiveram diretamente envolvidos na preparação do golpe militar na Bolívia, mas provavelmente tiveram alguns contatos com os militares e veem favoravelmente a substituição da atual liderança do país, sugeriu um professor da Faculdade de Relações Internacionais da Universidade Estatal de São Petersburgo à Sputnik.
"Certamente, eles veriam isso [a mudança de poder na Bolívia] com bons olhos", explicou Viktor Heifets. A Bolívia vende lítio à China e à Rússia.
"A Bolívia é um dos três países da América Latina com as maiores reservas de lítio [...]. Isso é importante, mas não o suficiente para largar tudo […] e começar a encenar um golpe", crê.
O especialista acredita que Washington e os militares bolivianos provavelmente tiveram e ainda têm alguns contatos, mas é improvável que os EUA tenham estado diretamente por trás da preparação da ação. Se o país norte-americano tivesse planejado o golpe, ele teria terminado "com um alcance muito maior e provavelmente com sucesso", sugeriu Heifets.
Na quarta-feira (26) foi relatada uma ação militar na Praça Murillo, em La Paz, Bolívia, onde estão localizados os prédios do governo, onde surgiram veículos especiais. Os militares, liderados pelo general José Zúñiga, que foi demitido do cargo de comandante do Exército, teriam tentado usar um veículo blindado para invadir o palácio presidencial.
Luis Arce, presidente da Bolívia, pediu que a democracia fosse respeitada e descreveu o que estava acontecendo como uma tentativa de golpe de Estado. De acordo com a agência francesa AFP, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA disse que Washington estava monitorando de perto a situação na Bolívia, e pediu calma.
Os tumultos na praça de La Paz duraram cerca de três horas. Durante todo esse tempo, Arce estava dentro do palácio. Ele se dirigiu à nação e nomeou um novo comando do Exército, e pediu aos militares que deixassem a praça, enquanto Zúñiga e dois outros comandantes militares foram presos. Nove pessoas ficaram feridas na tentativa de golpe.
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