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    Mauro Vieira defende diálogo com Venezuela e sugere retomada do "Grupo de Amigos"

    Vieira destacou que Lula, junto a seus homólogos da Colômbia e do México, têm se posicionado como mediadores para uma solução negociada

    Chanceler Mauro Vieira (Foto: Valter Campanato / Agência Brasil)

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    247 - O  ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o Brasil não pretende "recrudescimento ou rompimento" das relações diplomáticas com a Venezuela, mesmo diante da falta de uma solução para o processo eleitoral no país vizinho. A entrevista reforça a posição do governo brasileiro de buscar "um consenso social e político dentro da Venezuela". A notícia foi divulgada pela CNN Brasil.

    Vieira destacou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), junto a seus homólogos da Colômbia e do México, têm se posicionado como mediadores para uma solução negociada entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição. "Não creio que seja adequado [...] o recrudescimento ou o rompimento de relações diplomáticas com um vizinho grande, da importância que é a Venezuela, como aconteceu no governo passado, em que fechamos a embaixada, os três consulados e os 20 e poucos mil brasileiros que residem lá ficaram abandonados. O presidente Lula me instruiu logo no primeiro ou segundo dia do seu governo, a reabrir a embaixada, e assim nós fizemos. Vamos continuar, então, portanto, conversando e contribuindo para um consenso nacional dentro da Venezuela”, declarou o chanceler.

    As relações diplomáticas entre Brasil e Venezuela foram interrompidas em 2019, quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) decidiu reconhecer o líder opositor Juan Guaidó como "presidente interino" do país. Com a volta de Lula ao Palácio do Planalto em 2023, houve a reabertura da embaixada brasileira e a retomada dos laços diplomáticos, marcando uma mudança na política externa em relação ao país vizinho.

    Críticas à postura do governo anterior

    Durante a entrevista, Vieira classificou como "infantil" a decisão de diversos países, incluindo o Brasil, de reconhecer Guaidó como presidente legítimo da Venezuela. Segundo ele, a medida foi ineficaz e sem resultados concretos. “(Foi) uma coisa quase que infantil de reconhecer outra pessoa, uma outra entidade física como presidente da República sem ter um voto popular, que não tinha, foi eleito indiretamente por uma assembleia e que não levou a nada. Só levou ao recrudescimento da situação e só levou justamente à suspensão das relações diplomáticas”, criticou.

    O ministro sugeriu que uma saída para a crise política venezuelana poderia ser inspirada no modelo do "Grupo de Amigos da Venezuela", criado em 2003 por sugestão do Brasil, cujo objetivo era promover um diálogo inclusivo entre o governo e a oposição venezuelanos na época. “Temos que pensar em algo do gênero, em que esteja presente o governo, a oposição, todos que se possam conversar e saber o que cada um quer, o que cada um espera, o que cada um pode fazer”, defendeu Vieira, reiterando a necessidade de uma solução que envolva todas as partes interessadas.

    Preocupação com o cenário atual

    O chanceler expressou preocupação com a atual situação política na Venezuela, especialmente após a retirada de Edmundo González, candidato da oposição, da corrida eleitoral. “Eu não sei por que motivos e se houve pressão ou não (para González sair). Eu sei que o candidato saiu, está exilado. O governo venezuelano deve ter concordado, porque senão ele não poderia ter saído num avião da Força Aérea de um terceiro país. Há um certo clima de perplexidade internacional desde esse momento. Agora, nós estamos prontos a continuar conversando com o governo e com a oposição”, disse Vieira.

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