O salário mínimo despenca e poder de compra na Argentina é pior que em 2001
Relatório da Universidade de Buenos Aires aponta queda acumulada de 29% no salário mínimo real desde novembro de 2023, agravando a crise econômica no país
247 – A crise econômica na Argentina continua a impactar diretamente o poder de compra da população, especialmente dos trabalhadores com menor renda. Segundo relatório elaborado pelo Instituto Interdisciplinar de Economia Política da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade de Buenos Aires (UBA), divulgado em outubro, o Salário Mínimo Vital e Móvel (SMVM) caiu 1,3% no último mês, acumulando uma redução de 29% em termos reais desde novembro de 2023. O estudo intitulado Panorama do emprego assalariado formal e das remunerações destaca que, atualmente, os argentinos têm menos poder de compra do que em 2001, ano marcado por uma das mais severas crises do país, segundo reporta a C5N.
A queda do SMVM, que começou a se aprofundar em dezembro de 2023 com uma redução de 15%, foi impulsionada pela aceleração inflacionária e pela alta das tarifas. Em janeiro de 2024, a situação piorou, com uma retração de 17%. "A partir de então, observou-se uma recuperação momentânea, mas insuficiente, com o salário nominal apenas acompanhando a inflação nos meses seguintes", detalha o estudo.
Em junho, o salário mínimo voltou a cair (-4,4%), e, embora julho tenha registrado uma leve recuperação de 4,3%, os três meses subsequentes mostraram novas retrações consecutivas. "A deterioração contínua reflete a incapacidade do sistema de corrigir a perda de poder aquisitivo", alerta o relatório.
Impacto nos salários formais do setor privado
A situação dos trabalhadores formais do setor privado também é preocupante. O relatório da UBA, baseado no Índice de Salários do Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), aponta que entre novembro e dezembro de 2023 houve uma perda de 11% no poder de compra do salário médio real.
Embora as negociações salariais realizadas em 2024 tenham conseguido conter parte da deterioração, o relatório enfatiza que, em julho deste ano, "o poder de compra dos salários médios continuava 3% abaixo do valor registrado em novembro de 2023".
"Após a forte queda de 11% em dezembro de 2023, observamos pequenas reduções e variações positivas desde abril. Em julho, o salário médio real conseguiu atingir novamente os níveis de novembro do ano passado, mas segue 17% abaixo do pico histórico da série, registrado em maio de 2013", conclui o documento.
O relatório da UBA destaca um panorama crítico para a classe trabalhadora argentina. A queda constante dos salários reflete os desafios enfrentados pelo país em conter a inflação galopante e estabilizar a economia. Sem medidas estruturais robustas, o poder de compra da população segue corroído, reacendendo memórias da crise de 2001, quando milhões de argentinos enfrentaram uma profunda recessão e colapso social.
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