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    Parceria México-Brasil vai liderar América Latina com triunfo de Sheinbaum e aceno de Lula, diz analista

    "Enquanto o mundo caminha para a regionalização, a América Latina continua a pensar no comércio de bens e serviços para outros continentes", disse Matías Capeluto

    Lula e Claudia Sheinbaum (Foto: Ricardo Stuckert/PR | Reuters/Alexandre Meneghini)

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    Sputnik - A recente vitória de Claudia Sheinbaum no México entusiasma os progressistas latino-americanos e aumenta as expectativas sobre como ela se relacionará com seus vizinhos. Analistas destacam a importância de o México continuar a "olhar para o sul" e o potencial de liderança conjunta com o Brasil.

    Embora a maioria dos líderes sul-americanos tenha saudado Sheinbaum, um dos comentários mais notáveis ​​foi o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, através de um post no X (antigo Twitter), disse que estava "muito feliz com a vitória" da presidente "por ser uma mulher progressista à frente da presidência do México".

    Ao mesmo tempo, Lula confirmou que viajará ao México ainda neste ano para melhorar as relações comerciais, destacando que "somos as duas maiores economias da América Latina e podemos ter um maior fluxo entre os empresários de ambos os países".

    Em entrevista à Sputnik, o analista internacional argentino Cristian Riom e o cientista político argentino e coordenador do Grupo Puebla, Matías Capeluto, concordaram que o mandato de seis anos de Sheinbaum marcará, em princípio, uma continuidade nas políticas de Andrés Manuel López Obrador, líder que marcou "uma virada" na política externa mexicana em favor da integração latino-americana.

    Para Riom, o fato de Lula ter anunciado imediatamente uma visita ao México mostra a importância que o governo do Brasil dá ao país como parceiro, em um contexto em que a relação com a Argentina de Javier Milei "enfrenta dificuldades".

    "O conjunto México-Brasil não só será um contrapeso à direita na região, mas também liderará a América Latina. Isso é indiscutível devido ao peso desses países, tanto em termos de população como de economia", refletiu Riom.

    Por sua vez, Capeluto lembrou que "a harmonia entre Brasil e México é uma novidade que surgiu a partir dos governos de López Obrador e Lula", já que historicamente os dois países entraram em "disputa sobre questões econômicas".

    Na visão do analista, a proximidade geopolítica dos dois países pode favorecer "um modelo de desenvolvimento regional baseado na boa convivência e sobretudo na reorganização dos esquemas de integração produtiva na América Latina".

    No entanto, Capeluto chama atenção para o fato de que é necessário que a América Latina fortaleça a sua integração econômica e reforce o intercâmbio comercial dentro da sua própria região, área em que permanece pouco estimulada.

    "Enquanto o mundo caminha para a regionalização, a América Latina continua a pensar no comércio de bens e serviços para outros continentes e não para a sua própria região", pontuou.

    Capeluto ainda considerou que a presidente eleita aprofundará a "reconstrução" da relação entre o México e a América Latina iniciada por López Obrador.

    Desta forma, ambos os líderes se tornarão "um farol muito importante para o progressismo latino-americano", marcando um caminho que tem conseguido "organizar a economia, ao mesmo tempo que mantém uma forte presença do Estado e um Estado fortalecido em questões sociais, de educação e saúde".

    Riom também ressaltou que a política externa de Sheinbaum será marcada pelo "compromisso com o multilateralismo e uma forte presença nos fóruns internacionais", além de manter, como fez López Obrador, uma "postura independente dos Estados Unidos em relação a grandes conflitos como o de Israel ou Ucrânia".

    Ainda assim, o analista alertou que manter uma postura "independente" de Washington constitui sempre um dos maiores desafios para os líderes mexicanos e, provavelmente, não será exceção com Sheinbaum.

    "Por razões históricas, geográficas e econômicas, o México está sempre intimamente ligado aos EUA e tem que ser muito inteligente para ter uma política de equilíbrio geopolítico se quiser seguir a agenda ideológica que o ex-presidente e Sheinbaum têm sem prejudicar os laços com os EUA", analisou.

    Aos 61 anos, Claudia Sheinbaum é a primeira mulher presidente do México, tendo vencido as eleições por 59% dos votos (após contagem de 95% dos votos). Cientista e acadêmica destacada, ela é formada em Física e doutora em Engenharia Energética.

    Antes de concorrer à presidência, Sheinbaum foi prefeita da Cidade do México, um dos cargos políticos mais influentes do país e que é visto como abrindo caminho para a presidência.

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