Inflação controlada e lojas abastecidas são trunfo de Maduro nas eleições da Venezuela
País sul-americano registrou no mês passado sua inflação mais baixa nos últimos 39 anos, apesar de ainda ter que lidar com mais de 900 sanções econômicas
Por Mauricio Leandro Osorio (Opera Mundi) - A Venezuela vive neste domingo (28/07) uma das eleições presidenciais mais importantes de sua história, na qual um fator pode terminar sendo preponderante: a recuperação da economia do país durante o segundo mandato do presidente Nicolás Maduro, que busca uma nova reeleição neste pleito.
Em junho de 2024, o país sul-americano registrou sua inflação mais baixa nos últimos 39 anos e o valor da sua moeda tem mantido estável nos últimos oito meses, segundo indicadores apoiados por organizações internacionais como o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Esse mesmo PNUD, em um dos seus relatórios sobre o desempenho macroeconômico da Venezuela – documento publicado em 2023 –, estabeleceu que o PIB nacional do país atingiu 2,6%, sustentado pelo aumento de 9,4% da atividade petrolífera.
Esse cenário contrasta fortemente com o vivido há nove anos, quando a Venezuela recebeu 930 sanções econômicas, a grande maioria delas impostas pelos Estados Unidos, o que provocou uma severa crise econômica. O país chegou a ter uma inflação de 344.000% e viu suas receitas petrolíferas caírem de US$ 56 bilhões em 2012 para US$ 743 milhões em 2020.
Foi durante esse período que se registrou o êxodo de quase 5 milhões de venezuelanos, além da ascensão dos chamados “bachaqueros”, pessoas que se dedicavam ao contrabando e à especulação.
‘Ex-imigrantes’ se dizem ‘impressionados’ com melhora da economia
Nas ruas, tanto os que apoiam a oposição como os que apoiam o chavismo, mantêm um consenso: a Venezuela quer manter o crescimento econômico e a paz social.
Além da melhora da economia, o país vem apresentando uma sensível diminuição dos índices de criminalidade. As lojas são abastecidas com produtos e alimentos, com grande presença dos itens fabricados no próprio país.
Também se percebe um aumento do crédito aos empresários por parte dos bancos públicos, e também de créditos habitacionais: em julho de 2024, o governo anunciou que foram entregues, desde 2017, mais de cinco milhões de casas, e que o objetivo é chegar em 8 milhões caso Maduro seja reeleito.
O artista venezuelano Gustavo Urdante, conhecido como Gadu, que passou 19 anos fora do país, diz que retornou ao país “para ficar”. Em entrevista a Opera Mundi, ele diz que votará em um dos candidatos opositores, mas reconheceu que “existe uma mudança no país que favorece os empreendedores, há novos negócios, os restaurantes estão cheios, os cassinos estão cheios”.
Jean Pierre passeia com sua prima Kioskare por Chacao, um dos bairros nobres de Caracas. Ele é um venezuelano que mora em Santiago do Chile, mas está de passagem por seu país natal e vai votar neste domingo. Embora expresse seu descontentamento porque vários de seus compatriotas não poderão votar no Chile, ele admite que a situação no país mudou.
“Eu moro fora e posso te dizer bem o que é a diversidade de mercadorias, e o que vemos agora é que tudo está cheio, os negócios estão cheios (de produtos). O mesmo acontece com a segurança. Não podemos negar que agora há muita segurança. Eu cheguei aqui com medo de ter o celular roubado, mas agora estou impressionado porque sinto que posso andar na rua com o telefone tranquilamente”, relata.
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