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    "Vamos intensificar as discussões com a União Europeia e discutir um acordo China-Mercosul", diz Lula

    "Apesar do Brasil ter na China seu maior parceiro comercial, queremos sentar enquanto Mercosul e discutir um acordo", afirmou Lula após reunião com o presidente do Uruguai

    Lula (Foto: Reprodução)

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    247 - Após uma reunião de quase duas horas com o presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, o presidente Lula (PT), que visita o país nesta quarta-feira (25), afirmou que o Brasil quer se juntar ao restante dos países do Mercosul para discutir um acordo China-Mercosul, para além do acordo Mercosul-União Europeia.

    "Os pleitos do presidente Lacalle são mais que justos. O papel de um presidente é defender os interesses do seu país, o interesse da sua economia, do seu povo. É justo querer produzir mais e vender mais. Por isso é importante se abrir o quanto mais possível para o mundo dos negócios. Quero dizer para o presidente que a ideia de discutir a chamada inovação - ou renovação - do Mercosul, nós estamos totalmente de acordo. O que precisamos fazer para modernizar o Mercosul? Queremos sentar à mesa primeiramente com nosso técnicos, depois com nossos ministros e finalmente com os presidentes para que a gente possa renovar aquilo que for necessário", iniciou.

    "É urgente e necessário que o Mercosul faça o acordo com a União Europeia. Eu ainda estava no primeiro mandato, em 2003, já discutia o acordo. Depois tive o segundo mandato e já se discutia. Fiquei fora da Presidência por oito anos, voltei, e se discute acordo Mercosul-União Europeia. Disse ao presidente Lacalle e tenho dito a meus ministros que vamos intensificar as discussões com a União Europeia e vamos firmar esse acordo para que a gente possa discutir apenas um possível acordo China-Mercosul. Acho que é possível. Apesar do Brasil ter na China seu maior parceiro comercial e de o Brasil ter um grande superávit com a China, nós queremos sentar enquanto Mercosul e discutir com nossos amigos chineses um acordo Mercosul-China", completou.

    Lacalle Pou disse que a reunião se dividiu entre discussões sobre infraestrutura e acerca das relações entre os países do Mercosul com o resto do mundo. "Vamos criar uma equipe técnica com o Brasil para avaliar o que queremos e precisamos no nosso relacionamento com a China. O Brasil tem um peso econômico e demográfico muito importante, e não tenho problema nenhum em admitir isso. O Uruguai vai avançar nas suas negociações com a China, e o Brasil pode paralelamente fazer seu caminho. Após isso, vamos compartilhar tudo que foi negociado e o Uruguai pode se ajustar ao que o Brasil propor. Para resumir: o Mercosul que queremos precisa ser moderno, flexível e aberto ao mundo".

    Sobre o Brasil, Lula afirmou ter herdado "um país semi-destruído". "Quando deixamos a Presidência, o Brasil era a 6ª economia do mundo. Agora é a 13ª. Este é um desafio que não me deixa triste, me dá otimismo, coragem e me obriga a estabelecer metas. O Brasil não tinha mais fome quando eu deixei a Presidência, e hoje tem 33 milhões de pessoas passando fome. Significa que quase tudo que nós fizemos de benefício social no meu país em 13 anos de governo foi destruído em sete anos, três do golpista Michel Temer e quatro do governo Bolsonaro. Por isso que o lema do meu governo é união e reconstrução".

    Sobre sua relação pretérita com o Uruguai, o presidente brasileiro lembrou: "tenho orgulho de ter sido um presidente que manteve uma relação extraordinária com o Uruguai, do ponto de vista social, político e econômico. Desde que fui eleito em 2003 e escolhi o Celso [Amorim] para ser ministro das Relações Exteriores, nós decidimos que o Brasil, por ser o maior país da América Latina, por ter a economia mais forte, deveria ter uma política generosa com seus parceiros que tivessem menor suporte econômico que o Brasil. Assim fizemos com todos os países sul-americanos, africanos e do Caribe. Quando fui presidente, a balança comercial entre Brasil e Uruguai teve um superávit para o Uruguai de US$ 8,59 bilhões. Fazia parte da nossa visão contribuir para que todos os países crescessem juntos. O Brasil não pode crescer sozinho, tem que crescer junto com todos da América do Sul".

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