Venezuela convoca embaixador no Brasil por "declarações intervencionistas e grosseiras" do governo brasileiro
Ministério das Relações Exteriores venezuelano criticou especialmente Celso Amorim
(Reuters) - A Venezuela chamou seu embaixador no Brasil para consultas nesta quarta-feira e ao mesmo tempo convocou o encarregado de negócios brasileiro em Caracas por "declarações intervencionistas" do governo brasileiro, segundo comunicado do Ministério das Relações Exteriores venezuelano.
O governo brasileiro não comentou oficialmente de imediato a decisão da Venezuela.
O anúncio do ministério venezuelano é o capítulo mais recente de um impasse entre os dois países que vem crescendo desde que o Brasil vem insistindo perante o governo do presidente Nicolás Maduro para mostrar os registros eleitorais que sustentariam a vitória que as autoridades proclamaram após as eleições presidenciais em 28 de julho.
Maduro também tem se queixado do veto imposto pelo Brasil à entrada da Venezuela como país associado ao grupo Brics durante cúpula mais recente, realizada na semana passada na Rússia.
Jorge Rodríguez, presidente do Parlamento venezuelano, dominado pelo partido governista, disse em comunicado nesta quarta-feira que irá propor que a Assembleia Nacional declare Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, persona non grata.
Amorim “tem se dedicado de maneira impertinente a emitir juízos de valor sobre processos que só correspondem aos venezuelanos e venezuelanas e às suas instituições democráticas, o que constitui uma agressão constante que mina as relações políticas e diplomáticas entre os Estados”, acrescenta o comunicado do Ministério das Relações Exteriores venezuelano.
Pelo menos 600 mil venezuelanos migraram para o Brasil nos últimos anos, enquanto o comércio bilateral foi de cerca de 1,7 bilhão de dólares em 2022, com exportações brasileiras de 1,3 bilhão de dólares e exportações venezuelanas de 400 milhões de dólares, segundo dados das autoridades brasileiras.
Desde agosto, o Brasil mantém a custódia da residência do embaixador argentino em Caracas após a expulsão de seus diplomatas pelo governo Maduro. Seis colaboradores da líder da oposição María Corina Machado permanecem refugiados naquela residência argentina desde março.
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