50 anos da Pastoral da Juventude
Juventude da Pastoral da Juventude resiste e insiste no direito de viver!!!
A PJ é provavelmente, junto com as CEB´s, a maior responsável pela formação política da imensa maioria dos dirigentes de orientação progressista do Brasil atual. A capilaridade da PJ é algo tão grande que raramente haverá quem, no meio político progressista atual, não tenha tido contato com a Pastoral da Juventude nos anos 70, 80 e 90 do século passado.
Neste dia 09 de Setembro de 2023, na casa da Mãe Aparecida, em São Paulo, jovens de todo o Brasil, ligados à PJ estarão comemorando estes 50 anos de história e quero aqui, dar meu testemunho e contribuir com uma análise sobre esta data histórica:
A PJ nasceu no meio do período mais sombrio e assassino da repressão militar como espaço de convívio fraterno no ano de 1973. Como flor que nasce em meio às rochas, a PJ foi surgindo, já que reuniões e associações eram proibidas no Brasil. Aos poucos, milhares de grupos de jovens brotaram de dentro das comunidades católicas de todo o Brasil e os milicos e a elite capitalista, já não podiam deter a primavera que se aproximava. De norte a sul, do oeste ao litoral, os grupos de jovens eram uma possibilidade real de organização social e de formação de um senso crítico do pós golpe cívico-empresarial-militar de 1964.
Nestes 50 anos, a PJ foi capaz de, ao mesmo tempo promover uma espiritualidade libertadora e uma ação política inovadora. Resistiu aos anos de conservadorismo católico e foi das poucas pastorais que conseguiu chegar organicamente forte até o final dos anos 90. Mas passou por um certo declínio a partir dos anos 2000, com o recrudescimento do conservadorismo católico que tem como maior feito, a expulsão da juventude da Igreja Católica, ao mesmo tempo que esta mesma juventude era acolhida nos movimentos gospel/ evangélicos e católicos neopentecostais, com muito barulho e nenhuma inserção nos problemas cotidianos da juventude, quando muito distribuindo marmitas uma vez a cada quinze dias para moradores de rua, que servia mais para tirar fotos e dizer que eram bons, do que para ajudar aquelas pessoas a sair desta situação, o que gerou uma massa acéfala ligada ao que tem de pior na religiosidade cristã a nível nacional. Não é sem razão que esta geração produziu neste setor da sociedade o apoio ao bolsonarismo. Isso é consequência daquilo!
Agora, nestes tempos de comemoração dos seus 50 anos, a PJ ressurge com a proposta de Papa Francisco de uma Igreja em Saída, rumo às periferias geográficas e humanas de nossos jovens e ali, combater o bom combate. Não é uma tarefa fácil. E os desafios são muitos, a começar pelo chamado clericalismo, que explica seu significado nas palavras de Papa Francisco:
“O clericalismo surge de uma visão elitista e exclusivista da vocação, que interpreta o ministério recebido como um poder a ser exercido e não como um serviço gratuito e generoso a ser prestado. Isto leva-nos a acreditar que pertencemos a um grupo que tem todas as respostas e que já não precisa de ouvir ou aprender nada. O clericalismo é uma perversão e é a raiz de muitos males na Igreja: devemos humildemente pedir perdão por isto e acima de tudo criar as condições para que não se repita”.
Certamente, essa explicação mostra os motivos pelos quais, a geração de jovens pós João Paulo II e Bento XVI, foram impedidos de experimentar os ventos do Concílio Vaticano II e dos Encontros de Medellín em 1968, Puebla em 1979, que foram os responsáveis por toda a beleza anticlerical que formou as PJ´s, da Igreja Latino Americana dos anos 70, 80 e 90.
O certo é que se foram capazes de matar aquela PJ, é possível vê-la ressuscitar ainda mais forte e bela de agora em diante. E é exatamente isso que desejamos. É isso que pedimos à Divina Ruah, que faça soprar nas narinas da juventude o Espírito Santo, fonte de todo Amor e inspiração de toda Caridade que é aquela que não se finda, nem com a morte , que mostre a dignidade como parâmetro de convívio, a tolerância como forma de convivência e a solidariedade aos pobres e marginalizados como jeito de viver a fé em Jesus Cristo.
O desafio da atual PJ é ainda mais profundo do que os das gerações passadas, pois não é mais “apenas” social. Os pobres continuam a clamar por justiça, passam fome e estão nus, mas o capitalismo aprofundou suas garras e esse modelo econômico maldito empurrou a humanidade para a destruição ambiental e aprofundou o fosso entre os muitos bilhões de mais pobres e um punhado de de super ricos.
Para tanto, destruíram as matas, mataram milhares de espécies animais e como consequência, já nos apresentaram ao significado de uma pandemia global e de quebra, aquecem o planeta a níveis inimagináveis, deixando a humanidade sob os tempos das catástrofes climáticas que desgraçadamente, estão apenas começando a dar seus sinais. Os sinais aparentes desse modelo pôde ser visto no Brasil de 2016 a 2022 com a ação neoliberal mostrando toda sua capacidade de fazer mal às populações indígenas, à juventude periférica como um todo, mas à juventude negra em particular. Os ianomâmis são a ponta visível deste icberg, mas por trás dele, vem todo o modelo europeu e norte americano de exploração do ouro, do petróleo e dos minérios dos países latino americanos e africanos.
Por esta razão, a PJ é chamada, através da LAUDATO SI, a reagir e caminhar! Que os próximos 50 anos sejam de um legado tão belo e forte como foi os atuais 50 anos de história. Me sinto profundamente orgulhoso, de eu, também com 50 anos, ter feito parte desta história e deixar esse registro de um PeJotiano que foi resgatado das ruas para a vida da sociedade!
Obrigado PJ!! Obrigado à Juventude da Pastoral da Juventude que resiste e insiste no direito de viver!!!
PARABÉNS POR SEUS 50 ANOS DE LUTA E ALEGRIAS!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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