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Fernando Lavieri

Jornalista, com passagens pela IstoÉ e revista Caros Amigos

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A aura de Pepe Mujica

Ex-presidente, símbolo da luta democrática no Uruguai, abençoou Yamandu Orsi para comandar a Frente Ampla no pleito desse ano. A esquerda vencerá

Mujica (Foto: Ricardo Stuckert )

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No início do século XXI, a América Latina experimentou a Onda Rosa. Isto é: governos de esquerda que desenvolveram políticas públicas para se contrapor a destruição neoliberal dos anos anteriores. Tais administrações se mostraram mais competentes e assertivas para liderar as nações (ainda) em desenvolvimento. Essa situação se deu no Brasil, com Lula e Dilma, Uruguai de Pepe Mujica, Paraguai com Fernando Lugo, na Venezuela de Hugo Chávez e Nicolás Maduro, Bolívia com Evo Morales, Argentina com Nestor e Cristina Kirchner, entre outros. A partir desse momento ocorreram diversas mudanças em âmbito político, econômico e social na região. A relevância desse período foi tamanha que surgiram sucessores: Chile, com Gabriel Boric e, quem diria, a Colômbia, com Gustavo Petro.

Mesmo com avanços sociais e civilizatórios, muitos desses países caíram nas mãos sujas da direita e nas exageradamente sujas da extrema direita. O Uruguai foi um desses casos. Mas a força da Frente Ampla, coalizão política de esquerda no Uruguai, se agiganta novamente. Ela ficou mundialmente famosa por eleger Pepe Mujica à Presidência da República de 2010 a 2015. A Frente Ampla vem, agora, com Yamandu Orsi, ex-professor de história e ex-prefeito de Canelones. Por uma década, Orsi obteve sensíveis melhorias administrativas na cidade que detém condições sociais e econômicas similares à capital, Montevidéu. Tanto assim que em julho deste ano saiu vitorioso na disputa dentro de seu partido e virou candidato nacional. Compõem a Frente Ampla Carolina Cosse, ex-prefeita de Montevidéu, e agora vice na chapa com Orsi.

Luis Lacalle Pou, atual presidente, não pode concorrer à reeleição, por força constitucional. Ele conseguiu manter o apoio popular a sua figura, o que é impressionante; o seu governo está envolvido em problemas políticos, econômicos e sociais. Entre os reveses da gestão Pou, está a prisão de Alejandro Astesiano, chefe de segurança da Presidência, o empobrecimento da classe trabalhadora e, por conseguinte, o aumento da pobreza infantil.

Lacalle Pou, amigo de Bolsonaro, é do Partido Nacional e foi o responsável pela união política à direita no Uruguai. Ele recebe o apoio do Partido Colorado que, em cento e noventa anos de idade, de uns tempos para cá, inclinou-se à direita. A junção ficou conhecida por Coalizão Multicolor e conta, ainda, com outros partidos menores. Nesse processo eleitoral conturbado, Álvaro Delgado, pupilo de Lacalle Pou, foi o nome indicado para disputar contra a Frente Ampla. No pleito corre por fora Cabilldo Abierto, partido pequeno de extrema direita, criado em 2019 por Guido Manini Rios, ex-comandante em chefe das Forças Armadas.

O retorno da Frente Ampla à Presidência da República do Uruguai é certo. A coalizão já governou o país duas vezes com Tabaré Vázquez (1940-2020), e uma vez com Pepe Mujica, hoje fora de embates políticos diretos porque luta contra o câncer. No período de vigência dos governos da Frente Ampla houve melhoria nas relações com o Brasil e o fortalecimento do Mercosul. Nesse contexto há uma grata coincidência: no mesmo dia 27 de outubro em que a sociedade paulistana irá escolher o próximo prefeito da cidade, os uruguaios definirão o futuro da nação. Com certeza, Boulos e a Frente Ampla são as melhores opções.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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