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    Nêggo Tom

    Cantor e compositor.

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    A barbárie neopentecostal

    As recentes revelações feitas pela polícia no caso do assassinato do pastor Anderson do Carmo, marido da também pastora Flordelis, que apontam para a participação da parlamentar como mandante do crime, deveriam suscitar na sociedade, principalmente, nos cristãos, profundas reflexões e diversos questionamentos à cerca da legitimidade e da autoridade espiritual de certos líderes religiosos

    As recentes revelações feitas pela polícia no caso do assassinato do pastor Anderson do Carmo, marido da também pastora Flordelis, que apontam para a participação da parlamentar como mandante do crime, deveriam suscitar na sociedade, principalmente, nos cristãos, profundas reflexões e diversos questionamentos à cerca da legitimidade e da autoridade espiritual de certos líderes religiosos e das casas de intolerância e alienação, que eles nos apresentam como igrejas.

    Apesar de ter uma flor no nome, a pastora parece não ser do tipo que se cheire. Característica comum entre muitos outros líderes religiosos no atual universo do cristianismo. Saber cometer crimes sob a unção divina, é uma condição sine qua non para ser considerado um grande líder do segmento. A quem possa estar enxergando exagero na minha afirmação, recomendo mais atenção às práticas adotadas por esses grandes lobos em pele de cordeiro, que conseguem arrebanhar uma multidão de cegos e conduzi-los rumo ao precipício, os fazendo crer que estão indo para o paraíso

    A chamada doutrina neo pentecostal se funde à barbárie social imposta no Brasil e lhe serve como base de sustentação política. Ela se assenta à direita do bolsonarismo e legitima a profissão de um novo credo. O crer num deus violento, sanguinário, preconceituoso, intolerante, capitalista, fascista e genocida. De tempos em tempos ela produz uma nova liderança, um engodo, que é alçado à condição de autoridade espiritual, sob a unção da estrutura de poder que se beneficia com as pregações tendenciosas e alienantes que eles oferecem aos seus novos fiéis.

    São perfis de autoridade criados de acordo com a geografia social e com as misérias pessoais e materiais da sociedade. Para cada grupo existe um “ungido” prometendo aliviar o incômodo de seus pruridos mais inquietantes, oferecendo milagres e garantindo-lhe a salvação. Essas lideranças distorcem os textos bíblicos e criam novas teologias – a da prosperidade é a mais nefasta delas - para sustentarem o capitalismo usurpando a fé das pessoas através do dízimo e de outras campanhas criadas para arrecadar dinheiro e garantir a manutenção do poder social, político e religioso da estrutura.

    É um verdadeiro mar de lama que afoga a sociedade e desacredita cada vez mais o cristianismo. A quem diga que essas lideranças não representam os chamados evangélicos. O que eu discordo. Se não representassem, o segmento não teria tanta influência na eleição de pessoas a cargos públicos. Bolsonaro foi eleito com o voto de milhões de cristãos, graças ao proselitismo político embutido nas pregações desses líderes. Muitos deles também já ocupam cargos políticos, o que fortalece ainda mais a base estrutural do segmento. É um projeto de poder que não começou agora.

    Esse caminho vem sendo pavimentado desde muito tempo e não será fácil desarticular essa organização, pois ela possui vários tentáculos e sustentáculos. Por se tratar de uma questão de fé, embora a índole pessoal de cada indivíduo não deva ser desassociada de suas crenças e de sua capacidade de percepção da realidade, torna-se ainda mais sensível tratar o assunto como ele deveria ser tratado. Ou seja, como um crime. Apesar da laicidade do estado, o “Deus seja louvado” cunhado no dinheiro que circula no país, sugere um estado capitalista abençoado por Deus. Mesmo que este estado não dê a mínima para os mandamentos daquele que ele finge louvar acima de tudo.

    A barbárie já se generalizou e atingiu a todas as esferas da nossa sociedade. Só não vê quem é cego ou quem colabora para a sua disseminação. Ela é política, social e religiosamente neo pentecostal. O horror produzido por essa perversa doutrina, foi absorvido com sucesso e está sendo naturalizado no comportamento de muitos. Eles deram a si mesmos um excludente de ilicitude, como se fosse uma indulgência eterna para os absurdos que professam e praticam em nome de Deus. Se portam como divindades terrenas totalitaristas e absolutistas, que podem determinar o rumo de tudo e de todos, sob a ameaça de usarem o poder divino para punir quem os contraria.

    Ai daquele que tocar num desses “ungidos”. A poder do deus capital que está sobre eles, lançará ao inferno de seus desejos íntimos mais sórdidos, todas as almas que não orarem sob a sua cartilha e não jejuarem no seu cardápio. Talvez, a salvação esteja longe deles e de suas igrejas. Na dúvida, leiam a Bíblia. Como livro sagrado do cristianismo, ela pode elucidar melhor essa trama diabólica através dos ensinamentos de Jesus Cristo nela contidos. Se nem as palavras do líder maior do cristianismo, for capaz de ressuscitar os milhares de Lázaros espirituais que estão adormecidos nessas tumbas neo pentecostais, sendo guardados por lobos em pele de cordeiro, ninguém mais o fará.

    Quem tem olhos leia! Quem tem ouvidos ouça!

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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