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José Reinaldo Carvalho

Jornalista, editor internacional do Brasil 247 e da página Resistência: http://www.resistencia.cc

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A Cúpula da Otan aprovou uma declaração de guerra global

Os governantes dos EUA e países parceiros da Aliança Atlântica apontaram suas armas para a Rússia e a China

Cúpula da Otan nos EUA (Foto: Reuters)

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Por José Reinaldo Carvalho - O principal acontecimento da conjuntura política internacional da semana foi uma declaração de guerra global. A cúpula da Otan realizada em Washington entre a terça e a quinta-feira (11) teve por finalidade consolidar a política de escalada militar, agravar as tensões e expandir a luta pela hegemonia do imperialismo estadunidense. No evento, organizado com toda a pompa e circunstância exigida pelo staff da Casa Branca para que tivesse o efeito colateral de mostrar um combalido Joe Biden com capacidade e força para exercer mais um mandato, o anfitrião utilizou à exaustão os seus parceiros da Aliança Atlântica com a finalidade de secundar seu empenho pela hegemonia. É um velho truque dos democratas quando exercem posições de mando rotular de multilateralismo a instrumentalização e submissão dos aliados..

Na cúpula em que se comemorou o 75º aniversário da Otan, o presidente dos Estados Unidos bradou que o mundo nunca viu uma aliança militar tão forte. Mas inadvertidamente Jens Stoltenberg, o  secretário-geral cessante do bloco, admitiu o ponto fraco político, a despeito do poderio militar. Confessou que a sobrevida da Otan estará em risco em caso de vitória da Rússia sobre a Ucrânia. Como o fato já é pretérito, pois o triunfo russo está consumado, fica evidente que durante os dois dias da cúpula urdiram planos que correspondem às suas quimeras. Além da estratégia para derrotar a Rússia, provocaram e desafiaram a China, voltaram os olhares cobiçosos para a Ásia Pacífico e o Extremo Oriente. No âmago das suas decisões está o inconfessável desejo de impedir aquilo que é uma inexorável tendência e uma realidade incontornável - a emergência do mundo multipolar. 

Em nome desses objetivos, os líderes das potências imperialistas ocidentais decidiram prosseguir a guerra por procuração contra a Rússia e deram sinais de envolvimento cada vez maior nessa guerra, alimentaram a perspectiva de construir a “Otan asiática” e deram claros sinais de que pretendem levar à esfera militar a estratégia de contenção do ascenso da China à condição de potência global. São elevadíssimos os custos econômicos da empreitada, que se refletirão na deterioração das condições de vida de suas populações, e é enorme o prejuízo para a segurança internacional, pois tais compromissos redundarão inexoravelmente em tensões geopolíticas, na expansão dos conflitos existentes e no comprometimento da segurança internacional. 

A cúpula da Otan foi, assim, marcada pela assunção de novos compromissos de ajuda militar à Ucrânia, com a promessa de fornecer sistemas adicionais de defesa aérea, armas e a autorização implícita ao regime de Zelensky para alvejar o território russo com as armas da aliança. A Declaração final da cúpula assinalou a inevitabilidade da admissão da Ucrânia como país membro da Otan. 

Essas decisões, longe de serem medidas de defesa ou auxílio humanitário, representam uma escalada militarista e belicista que ameaça gravemente a paz mundial. O presidente russo, Vladimir Putin, alertou que os países da Otan estão "brincando com fogo", e a China rechaçou as provocações lançadas em sua direção. Um editorial do jornal Global Times, dirigido pelo Partido Comunista da China vaticinou o fracasso da Aliança Atlântica e o vice-presidente do Conselho de Segurança da Federação Russa, Dmitry Medvedev, previu que, a continuar como instrumento do imperialismo para guerrear contra a Rússia, a Ucrânia desaparecerá e a Otan, se ousar atacar o país euro-asiático, será destruída. 

A Otan, fundada há 75 anos, configurou-se desde o início como o braço armado do imperialismo estadunidense. Suas ações não visam à paz, mas a dominação e o controle global sob a égide dos interesses dos Estados Unidos e seus aliados. As recentes cúpulas, principalmente a que acaba de realizar-se em Washington, são claros exemplos dessa postura agressiva, com decisões que não só prolongam a guerra na Ucrânia, mas também aumentam a possibilidade de um confronto direto com a Rússia, uma potência nuclear.

A entrega de sistemas de defesa aérea e outros armamentos estratégicos à Ucrânia, bem como a autorização para ataques no território russo, são atos provocativos que podem desencadear uma resposta devastadora. A decisão da Polônia de se envolver diretamente no conflito só aumenta o risco de uma guerra ainda mais ampla na Europa, colocando milhões de vidas em perigo.

A Otan, com seu histórico de intervenções militares em países como Iugoslávia, Afeganistão, Líbia e Síria, continua a atuar como um fator de instabilidade no cenário global. Suas ações, sob o pretexto de promover a democracia e a segurança, resultam em destruição, caos e sofrimento para os povos das nações afetadas.

É imperativo que os povos de todo o mundo, por meio de partidos e organizações sociais progressistas, os novos polos emergentes no mundo, os blocos que fomentam o desenvolvimento compartilhado, os governos que atuam em favor da paz se mobilizem contra essa postura belicista. A continuidade das ações da Otan não apenas ameaça a paz na Europa, mas também a segurança global. Precisamos de uma nova ordem mundial baseada no respeito mútuo, na cooperação e na paz, e não no hegemonismo, na primazia militar do imperialismo estadunidense e na guerra. 

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