A Estratégia de Ciro Gomes

É sabido que este escriba é simpatizante da candidatura de Ciro Gomes a Presidente da República em 2018, por representar uma alternativa que contemple um projeto nacional de desenvolvimento delineado, algo há tempos abandonado pelas forças políticas governantes aos seus devidos tempos.

No entanto, o signatário sente-se frustrado por constatar que seu candidato a presidente erra na estratégia política, ao querer desmerecer sistematicamente o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva, bem ao contrário do que deveria fazer, buscar estabelecer uma aliança política.

Por mais que muitos não consigam entender a estratégia política de Ciro, ela existe. Se consiste em:

a) É preciso desacreditar sistematicamente o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso faz parte de um esforço concentrado para torná-lo inelegível.

b) Se o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva tornar-se inelegível, Ciro Gomes passa a ter chances de ir ao segundo turno da Eleição Presidencial, o que não acontecerá se o ex mandatário for candidato.

c) No segundo turno, mesmo tendo desmerecido o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os simpatizantes do ex mandatário o apoiarão, pois estará disputando contra alguém da direita. Em outras palavras, conta ter os votos dos simpatizantes de Lula, mesmo tendo lhe desmerecido.

A estratégia de Ciro é falha por dois motivos, a saber:

• O fato de Ciro desacreditar sistematicamente o ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva em nada influencia a decisão que definirá se o ex mandatário poderá se candidatar ou não. Logo, a ação de Ciro só promove o desgaste deste perante o eleitorado "lulista", de quem pode precisar futuramente. Assim, seria preferível ser mais cuidadoso com suas manifestações sobre o assunto.

• Na hipótese do ex presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se candidatar, seja por qual motivo for, e Ciro for para o segundo turno, pode ser que precise, para atrair o eleitorado "lulista", de uma declaração de apoio do próprio ex mandatário, que pode não vir, em função dos descréditos ora recebidos.

É uma pena se constatar que alguém que pode engendrar uma belíssima estratégia de país não é capaz de vislumbrar uma razoável estratégia eleitoral.