A extrema direita do governo Tarcísio e o neoliberalismo se juntaram para instalar o pedágio urbano eletrônico em SP e em Cotia
Favorecimento ou direcionamento licitatório? Os interesses da CCR e do governador Tarcísio não podem estar acima dos interesses do povo paulista!
Na semana passada, o governo de São Paulo autorizou o andamento para a efetivação do edital de concessão da Raposo Tavares, no trecho que ainda não é privatizado! Mas é um jogo de cartas marcadas! A ponto de que a CCR já está até mesmo fazendo medições e perfurações para estudo de terrenos em vários pontos da rodovia, antes do edital ser lançado! Qual o nome disso? Favorecimento ou direcionamento licitatório?
O governo também disse que houve atendimento em questões das demandas! Isso não é verdade! Jamais houve uma audiência pública digna do nome. Além disso, a única associação de moradores atendida, foi a dos ricos moradores do Alto de Pinheiros.
Tudo que existe nesse projeto é obscuro e estranho! Entre as muitas críticas, três são inegociáveis:
1) O Impacto Ambiental, diante da crise climática, uma obra desta envergadura, trará consequências nas áreas baixas do entorno da Rodovia, com alagamentos e aumento exponencial do trânsito pelo meio dos bairros para escapar do pedágio, já que estarão fazendo 48 quilômetros de asfalto, multiplicado por três vias (uma expressa e duas marginais, com seus respectivos acostamentos) numa conta simplista, isso significará ao menos mais 50 metros de ampliação lateral nas duas pistas atuais, onde não houver viadutos! Onde forem construídos viadutos, essa metragem será, obviamente, maior!
Basta olhar para o ENTORNO da Rodovia e ver o que significaria esse impacto de vizinhança, ambiental e econômico.
2) Impacto Econômico - A única vantagem que esta proposta trará é para a concessionária que administrará este trecho da rodovia. No mais, será apenas prejuízo! Em nome de uma suposta melhoria no tráfego, o governo do estado propõe um modelo atrasado e antieconômico de incentivo ao transporte individual em detrimento do transporte público coletivo sobre trilhos para Cotia e São Paulo. Ao invés disso, trás a proposta da inauguração do PEDÁGIO URBANO ELETRÔNICO que já foi rechaçado pela sociedade paulistana quando o ex Governador Dória e o prefeito Bruno Covas aventaram a possibilidade de PEDAGIAR as MARGINAIS TIETÊ E PINHEIROS.
Pior. Está proposta trás algumas coisas surreais! Desta feita, dizem que irão diminuir o valor do menor Pedágio de R$ 0,61 para R$ 0,54, no Km 11,8 da Rodovia Raposo Tavares e na outra ponta, em Cotia, aumentarão o valor proposto inicialmente de R$ 2,30 para incríveis R$ 4,84, num aumento - em dois meses de discussão - de 104% no valor do pedágio proposto inicialmente no km 39,1 da Rodovia Raposo Tavares, na entrada de Caucaia do Alto, atingindo as cidades de Cotia, Vargem Grande Paulista, Ibiúna, Piedade, Mairinque e São Roque, sendo que estas duas últimas são as únicas a pagar o pedágio de ida e as outras nenhuma delas pagam pedágio para ir ou voltar!
Esta proposta inviabiliza qualquer proposta de emprego para os moradores da cidade, pois o custo de transporte aumentará significativamente! Também inviabiliza a vinda de empresas que terão o custo de logística absurdamente aumentado. Imagine uma empresa que tenha 10 ou 20 veículos para suas atividades cotidianas? O impacto econômico que isso acarretará nos fretes de todos os tipos de transporte industrial, comercial ou doméstico?
Essa proposta cria uma inflação localizada para esta região do estado que afetará a economia, o emprego e por consequência, o desenvolvimento das cidades atingidas! Cotia, Ibiúna e Piedade, são produtoras de horti-fruti , estão localizados no chamado cinturão verde da grande São Paulo. Imaginem o impacto no transporte de um caminhão que faz duas ou três viagens por dia para abastecer CEAGESP e mercados na capital paulista!
3) Impacto Social. A região oeste da grande São Paulo é uma região em profunda transformação. Em razão de sua pouca distância da capital e as condições de preservação ambiental, como por exemplo a floresta do Morro Grande em Cotia e áreas de preservação de Embu das Artes e Itapecerica da Serra, se vê um grande interesse por esta região, já que na capital, a Zona Leste está saturada, a zona Sul em razão de sua distância e áreas de mananciais tem poucas probabilidades de crescimento e a Zona Norte tem a Serra da Cantareira como impeditivo de aumento exponencial. Assim, a pressão fica nesta região Oeste da Grande São Paulo.
A única proposta viável é o incentivo ao transporte público e de massas, como o metrô! Qualquer opção que incentive veículos individuais é um erro grosseiro de todos os pontos de vista!
Portanto, PEDAGIAR ZONAS URBANAS é uma atrocidade sem fim! Podem fazer tantos túneis e pontes quanto quiserem! Basta ver o que acontece com os túneis que levam para a Avenida Juscelino Kubitschek e Ibirapuera! As pontes estaiadas da Marginal Tietê e Pinheiros! As pontes que levam à Avenida Bandeirantes , indo para o aeroporto de Congonhas ou para a imigrantes! Ou então, as pontes da Rodovia Anhanguera e Rodovia dos Bandeirantes para a Marginal Tietê, da Rodovia Dutra para a mesma marginal e vice-versa (pista expressa e local).
Olhem para o Rodoanel Mário Covas e Rodovia Castelo Branco e vejam o tamanho do trânsito todos os dias e vejam se a instalação de pedágio melhorou a trafegabilidade destes locais!
Ou seja, para onde quer que olhemos, nenhum túnel ou ponte resolve o problema de trânsito, nem nas rodovias na chegada à São Paulo, nem nas marginais, bem como nas principais avenidas da capital.
Basta ir passar, qualquer dia comum na Avenida Rebouças, Nove de Julho, Avenida Brasil, Francisco Morato ou qualquer outra!! A situação é a mesma.
Antes os governantes faziam "maquiagem" nas vias de acesso, colocando faixas adicionais onde haviam três, aumentaram para quatro, como na Avenida 23 de Maio, agora, Tarcísio quer fazer uma cirurgia plástica. Isso pode até melhorar o visual, mas a questão essencial permanecerá a mesma! Em qualquer capital do mundo, pedágios não resolveram problemas de trânsito em horários de pico!!
Além do mais, durante o dia, nenhuma rodovia fica com trânsito parado, o trânsito flui com ou sem pedágio! O problema é que colocar pedágio onera os mais pobres, dificulta a empregabilidade, diminui o interesse de empresas e comércios estabelecer negócios e obriga a cidade a ser uma cidade dormitório com sérios riscos de não conseguir empregos!
Os interesses da CCR e do governador Tarcísio não podem estar acima dos interesses do povo paulista! Se o pedágio urbano passar aqui em Cotia, se alastrará como metástase por todo o estado de São Paulo. É necessário barrar esta proposta da DIREITA POLÍTICA e Neo-Liberal extremista!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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