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    Roberto Malvezzi

    Graduado em Estudos Sociais e em Filosofia pela Faculdade Salesiana de Filosofia, Ciências e Letras de Lorena, em São Paulo. Também é graduado em Teologia pelo Instituto Teológico de São Paulo. Atualmente, integra Equipe CPP/CPT do São Francisco

    45 artigos

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    A importância do Nordeste na resistência democrática

    Se a democracia realmente subsistir e avançar, ela terá que ser tributada principalmente ao povo nordestino

    A história do Brasil um dia irá se debruçar sobre o papel fundamental do Nordeste Brasileiro na resistência democrática contra a pretensa ditadura de Jair Bolsonaro e seus comparsas.

    Em primeiro, terão que admitir o papel decisivo do povo nordestino ao se opor eleitoralmente a Bolsonaro no próprio processo eleitoral. Ele não se conforma até hoje de ter uma votação menor que os 70% que esperava. Ele diz que houve fraude. Era o mote para impor sua ditadura. Quem estragou a cereja do bolo foi justamente toda uma região sofrida, mas muito consciente de sua história, inclusive com seus heróis de cordéis dependurados nos varais da cultura popular. Minorias resistiram também em outras regiões do país, mas aqui a resistência foi majoritária. 

    Uma vez, quando voltou do exílio, Paulo Freire nos falava do “Nordeste insubmisso”, “rebelde”, que mesmo abandonado pelo Estado Brasileiro nunca renunciou em lutar por sua dignidade. E o povo nordestino honrou seu viés democrático e rebelde ao não aderir ao fascismo de Bolsonaro e de outras regiões do país.

    Em segundo, terão que olhar para os atuais governadores da região. Não pensem que é um paraíso, porque não é. Há problemas sérios com os governadores nas questões ambientais, a exemplo do Oeste Baiano, com o reajuste dos salários e aposentadorias dos servidores públicos, e muito mais. Porém, no quesito resistência democrática a Bolsonaro e no enfrentamento do Covid19, eles têm sido exemplares. Conseguiram fazer um consórcio e chamaram um cientista do nível de Nicolelis para organizar um plano de enfrentamento da doença. Parece que ele mesmo já saiu, insatisfeito com o resultado que desejava, mas a região tem enfrentado a pandemia com mais dignidade, mais vacinação e menos mortes. 

    Enfim, o futuro também passará por aqui, e ele passará também pelas próximas eleições. Nesse país coalhado de ditadores, torturadores e nazifascistas, nunca podemos prever o amanhã. Mas, tudo indica que a força brutal dos atuais genocidas do país está desmoronando. Nos últimos tempos, grande parte do Congresso – ainda que conservador e até reacionário -, juntamente com grande pare do STF, decidiu se aliar aos resistentes para preservar o que nos resta dessa parca e porca democracia. A votação nordestina contra o desmonte do país em 2022 será um massacre. Você não acha um prego que o governo Bolsonaro tenha pregado nessa região. 

    Quem sabe no futuro se crie um tribunal internacional para julgar os crimes contra a humanidade cometidos durante esse governo. Após a Segunda Guerra Mundial, os judeus se organizaram para fazer justiça contra os nazistas. O Brasil vai precisar dessa atitude para nunca mais ver arroubos ditatoriais em seu território. 

    Porém, se a democracia realmente subsistir e avançar, ela terá que ser tributada principalmente ao povo nordestino. 

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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