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    Florestan Fernandes jr

    Florestan Fernandes Júnior é jornalista, escritor e integrante do Jornalistas pela Democracia

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    A luta pela Justiça de Lula continua

    "Lula sai da prisão da mesma maneira que entrou: de cabeça erguida e sem se curvar aos seus inquisidores da Lava Jato", escreve o jornalista Florestan Fernandes Jr, que fez, junto com Monica Bergamo, a primeira entrevista com Lula no cárcere. "Apesar da Vaza Jato ter desnudado todo o conluio utilizado para afastar Lula da campanha eleitoral de 2018, falta a ele, mais que a liberdade, a anulação da condenação injusta da qual foi vítima"

    (Foto: Ricardo Stuckert)

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    Por Florestan Fernandes Júnior, para o Jornalistas pela Democracia 

    Lula finalmente está livre. Deixa a cela onde foi trancafiado na Polícia Federal de Curitiba para se entregar aos braços do povo que ficou em vigília por 580 dias para voltar a sua casa em São Bernardo do Campo, de onde nunca deveria ter sido retirado, preparando-se para percorrer o país e organizar a resistência e a oposição ao fascismo.

    Lula sai da prisão da mesma maneira que entrou: de cabeça erguida e sem se curvar aos seus inquisidores da Lava Jato. Dias antes de sua prisão, em abril do ano passado, Lula me disse que não pediria, em hipótese alguma, asilo político em alguma embaixada estrangeira. Iria lutar até o fim para provar sua inocência. 

    Além da humilhação de ser condenado e preso por corrupção em um processo desprovido de provas materiais, Lula assistiu, sem poder fazer nada, a seus familiares terem a vida devassada e passarem por dificuldades financeiras pela perseguição implacável da "força tarefa" de Curitiba. Só no dia 26 de abril, após mais de um ano de silenciamento forçado, Lula teve autorização do STF para dar entrevista pedida por mim e Mônica Bergamo. Lula estava ansioso. Nem poderia ser diferente. O Brasil já estava sendo governado pela extrema-direita e suas perspectivas de deixar a prisão ainda eram uma miragem no horizonte.  

    Lula aproveitou cada minuto das pouco mais de uma hora e meia de entrevista para passar seu recado de maneira altiva e clara. Só baqueou quando perguntei sobre as mortes de seu irmão Vavá e do neto Arthur. Colocou as duas mãos sobre o rosto, abaixou a cabeça e chorou. Foram alguns segundos de silêncio e emoção. Imaginei naquela hora que ele não iria mais se recompor. Ledo engano. Lula respirou fundo, conteve as lágrimas e partiu para o ataque contra Sérgio Moro. Uma força que veio da alma desse nordestino retirante, que passou fome e pobreza antes de chegar a líder operário e presidente da República.

    Nesses 19 meses de cárcere, Lula recebeu mensagens e visitas dos mais ilustres seres humanos do planeta. De músicos e artistas internacionais, de premiados pelo Nobel, de ex-chefes de Estado até o Papa Francisco. A perseguição política de que é vítima foi e continua sendo notícia de primeira página em todo o mundo. Lula entrou na prisão como o mais importante político brasileiro. Sai dela agora como a mais nova lenda da nossa história. 

    Apesar da Vaza Jato ter desnudado todo o conluio utilizado para afastar Lula da campanha eleitoral de 2018, falta a ele, mais que a liberdade, a anulação da condenação injusta da qual foi vítima.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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