A menos que surjam fatos novos irrefutáveis, a acusação contra Brazão parece mais cortina de fumaça
"Pode estar em curso uma nova tentativa de camuflar a verdade utilizando o instrumento da delação para desviar a rota das investigações", diz Ricardo Bruno
Esta não é uma defesa do conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Domingos Brazão. Trata-se apenas de observação de quem milita no jornalismo há mais de 30 anos e, portanto, tem estrada e sensibilidade para dirimir contrafação de fato objetivo.
Os argumentos apresentados até aqui contra Domingos Brazão são frágeis, inconsistentes e inverossímeis. Ele teria mandado matar Marielle Franco para supostamente se vingar de Marcelo Freixo, com quem teve duros embates no plenário da Assembleia Legislativa à época em que ambos eram deputados estaduais. Convenhamos, não há nada convincente neste frágil libelo acusatório.
A menos que surjam fatos novos, definitivos, incontrastáveis e irrefutáveis, a versão vazada nesta terça-feira parece cortina de fumaça. Não é crível que se possa incriminar alguém por algo tão grave de modo superficial e leviano. Os autores do crime, Ronnie Lessa em especial, são notoriamente ligados ao bolsonarismo. Pode estar em curso uma nova tentativa de camuflar a verdade utilizando o instrumento da delação para desviar a rota das investigações.
Todas as hipóteses devem ser consideradas, inclusive a possibilidade de estarmos diante de uma ardilosa armação do bolsonarismo.
Se Brazão, de fato, é o mandante de crime tão repugnante, deve ser preso e condenado exemplarmente. Antes, contudo, as provas precisam ser críveis, verossímeis e convincentes.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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