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    Pedro Paiva

    Jornalista, mora em Nova York. Foi produtor e repórter do América News, jornal do canal internacional da Globo feito para a comunidade brasileiros nos Estados Unidos. É colaborador da Revista Híbrida e da USBRTV nos Estados Unidos. Acompanha a política estadunidense e outros temas importantes do país

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    A polarização pode quebrar os Estados Unidos

    'A falta de diálogos entre democratas e republicanos pode levar o país a quebrar', afirma o colunista Pedro Paiva, correspondente do 247 nos EUA

    (Foto: Reuters)

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    Poucas vezes na história os Estados Unidos estiveram tão divididos internamente, o que leva alguns analistas até a comparar o cenário com aquele anterior à Guerra Civil, em meados do século XIX. Mas agora, a falta de diálogos entre democratas e republicanos pode levar o país a quebrar, pela primeira vez, sem conseguir honrar suas contas. Os efeitos seriam sentidos não apenas aqui, mas no mundo todo.

    A razão disso é o chamado “Teto da Dívida”. Trata-se de uma limitação sobre quanta dívida o governo americano pode contrair para se bancar. O instrumento foi instituído em 1917 e, de lá pra cá, esse teto foi aumentado mais de 100 vezes - e por todos os presidentes desde 1929. O limite, que era de US$11,5 bilhões no início do século passado, é, hoje, de US$31,4 trilhões. Mas o Departamento do Tesouro dos EUA já alertou que o teto será atingido em 1º de junho deste ano.

    Já há alguns meses, Joe Biden vem pressionando o Congresso para que eleve o limite do Teto da Dívida, sem sucesso. Os republicanos, que controlam a Câmara, querem que o governo se comprometa com cortes de gastos, principalmente para programas sociais. Uma das propostas foi atrelar os benefícios do Medicaid, programa de auxílio à saúde expandido durante o governo Obama, à obrigatoriedade de estar empregado. Ou seja, se não tem emprego, não tem saúde. Biden, porém, afirmou que não aceitará qualquer proposta que restrinja o já escasso acesso à saúde no País.

    Isso tudo, é claro, acontece há pouco mais de um ano da eleição de 2024. Os republicanos querem mais é que Biden fique no aperto durante seus últimos meses de gestão, afinal os cortes em programas sociais podem levar à insatisfação necessária para virar o jogo no ano que vem. Os democratas, porém, entendem isso muito bem e querem mais liberdade para gastar na reta final do mandato.

    Na última terça-feira, o presidente se reuniu com o presidente da Câmara, Kevin McCarthy para debater a questão. Os dois não chegaram a um acordo, ainda, e Biden acabou anunciando que fará uma viagem mais curta ao G7 por conta dos problemas internos. As idas à Austrália e à Papua Nova-Guiné foram canceladas.

    Esta, porém, não é a primeira vez que o país quase entra em default. Em 2011, o governo Obama e o Congresso chegaram a um acordo de elevação do Teto apenas dois dias antes da data prevista para que o país quebrasse, segundo o Departamento do Tesouro. A diferença é que, de lá pra cá, a polarização tornou os partidos ainda mais preocupados consigo mesmos, e com suas bases, que com o país como um todo. 

    Ainda assim, a possibilidade de uma quebra de fato é pequena. As consequências seriam terríveis e, muitos avaliam, levaria a uma crise econômica mundial catastrófica. O cabo de guerra deve seguir até o fim do mês, mas mais cedo ou mais tarde um dos lados deve ceder, porque ninguém quer nas costas a responsabilidade pelo que pode acontecer caso a briga continue.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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