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    Arnóbio Rocha

    Advogado civilista, membro do Sindicato dos Advogados de SP, ex-vice-presidente da CDH da OAB-SP, autor do Blog arnobiorocha.com.br e do livro "Crise 2.0: A taxa de lucro reloaded".

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    A questão do Pix e os embates de fake news em redes sociais

    "Não se trata apenas de comunicação, mas como enfrentar uma máquina ideológica extremamente controlada", avalia Arnóbio Rocha

    Pix (Foto: Divulgação/BC)

    Hábitos saudáveis para pessoas públicas, especialmente as de esquerda:

    1. Ir ao supermercado
    2. Ir à feira livre
    3. Andar de transporte público
    4. Tomar café na padaria
    5. Ir à periferia, tomar café, comer feijoada
    6. Ligar em call-center de operadoras (Internet, telefone, cartão de crédito)
    7. Ir à missa, culto, mesmo sendo ateu, se for o caso

    Saber como a maioria das pessoas vive ajuda a entender a importância do Pix (por exemplo), não por intermediários, por gráficos, planilhas, tutoriais de YouTube, mas por experiência real.

    O Pix é a nova moeda, meio de pagamento, troca, compra, venda, uma sensação de não depender de bancos e suas taxas, ainda que ilusória, mas é algo que as pessoas entendem plenamente, sabem como funciona e criam modalidade de negócios baseados na ideia simples. É isso que determina o apego e apelo do Pix.

    A derrota do governo na questão do Pix por obra de um espertalhão mentiroso, bem orientado por marqueteiro, diz mais sobre nós do que sobre ele. Não é a primeira vez que fazemos um grande recuo desmoralizante em medidas corretas, mas sem uma preparação para um enfrentamento brutal na arena deletéria das redes sociais, em que a verdade é apenas um mero detalhe, que não conta para o resultado final dos embates.

    O maior dos problemas, e de soluções, dos governos de esquerda no Brasil sempre foi de política, de como transformar em ação através de comunicação, cair no gosto popular, no dia a dia das pessoas. Houve grandes vitórias nesse sentido, o Bolsa Família é uma delas, o PAC, crescimento, a correção do salário-mínimo. Outras não soube se explicar, como em ações de educação e saúde, por exemplo, assim como perdeu a bandeira de combate à corrupção.

    Apenas para comparar, quase por inércia, governos desastrosos, como o do Capitão Tarcísio de Freitas, sem nenhuma comunicação estratégica, mantêm boa avaliação, conta também que não tem oposição ou espaço de combate na mídia.

    O enfrentamento contra os governos de centro-esquerda é ideológico, mesmo nessa versão Lula III, de uma composição ampla até a direita, tendo como vice Geraldo Alckmin, ministros de direita. Nem assim há arrego. A conotação para o capital é que é um governo de esquerda que quer um Estado baseado no bem-estar Social, em contraposição ao ultraliberalismo.

    Por mais que a Economia tenha sensível melhora, muitas políticas públicas retomaram a pauleira da extrema-direita, em maioria no parlamento e com uma máquina ideológica destruidora, poucas vezes vista na história. Transforma em pó as iniciativas, mantendo o governo sob pressão diariamente, não lhe rendendo dividendos em suas ações.

    Essa arena política disruptiva ainda é um terreno extremamente árido para a esquerda. Não se trata apenas de comunicação, mas como enfrentar uma máquina ideológica extremamente controlada, com peculiaridades completamente diferentes de tudo o que se fez em política em séculos. Há experiências importantes, como a do México, mas se aplicaria ao Brasil?

    Uma dura lição e sem saber as suas consequências no futuro.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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