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    Moisés Mendes

    Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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    A tese furada que só beneficia Bolsonaro e Heleno

    Reinaldo Azevedo defendeu "que a estrutura usada para a produção do relatório em favor de Flávio Bolsonaro é uma Abin clandestina dentro da Abin", destaca Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia. "A tese é tudo o que Bolsonaro, Augusto Heleno e a própria Abin querem ler. Se a estrutura é de uma Abin clandestina, os chefes podem dizer que não sabiam de nada"

    Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e General Augusto Heleno (Foto: Carolina Antunes/PR | Waldemir Barreto/Agência Senado)

    Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia

    Um dos textos que mais circulam desde ontem nas redes sociais, em sites e blogs parece ter sido escrito pela defesa de Bolsonaro.

    É o artigo com uma tese furada de Reinaldo Azevedo. O ex-lavajatista defendeu em artigo na Folha que a estrutura usada para a produção do relatório em favor de Flávio Bolsonaro é uma Abin clandestina dentro da Abin.

    Ora, a tese é tudo o que Bolsonaro, Augusto Heleno e a própria Abin querem ler. Se a estrutura é de uma Abin clandestina, os chefes podem dizer que não sabiam de nada e não têm envolvimento com os crimes.

    O que está claro, com a participação de Augusto Heleno na reunião de agosto, que tratou do caso dentro do Planalto, ao lado de Augusto Ramagem, da Abin, é que a estrutura é a oficial, com comando oficial.

    Os operadores do esquema podem ser parte de um grupo que age para proteger os Bolsonaros, mas acionado pelas chefias. O que Reinaldo tenta dizer é que se imagina que, como regra, os servidores da área de inteligência prestem serviços ao Estado, e não à família.

    Afirmar, a partir daí, na tentativa de defender esses servidores republicanos, que a estrutura é clandestina só ajuda a absolver todos os envolvidos no esquema de Bolsonaro para montar a proteção ao filho e a maracutaia do relatório.

    Clandestina em relação a quem e a o quê? Como clandestina, se os chefes da área participaram de um encontro com os advogados de Flávio? O esquema pró-Flávio, que é também pró-Bolsonaro e toda a família, não é um braço orgânico da Abin, sob o controle dos comandos? 

    Reinaldo Azevedo foi ingênuo, no esforço para produzir um texto com uma ideia que ele possa ter achado original e com um pretenso furo jornalístico. Ofereceu subsídios que Bolsonaro e o general queriam ler.

    O que deve ser investigado é a estrutura oficial da Abin, a partir dos seus comandos, para que se descubram as engrenagens do mecanismo pró-Flávio. Não agir assim é acreditar que existe um grupo autônomo dentro da Abin.

    O único que não se beneficia da tese de Reinaldo é Flávio, que pode ser acusado de ter formado um grupo de arapongas dentro da estrutura de Estado.

    Os outros todos podem dizer que foram traídos e que a reunião de agosto, com os advogados de Flávio, mais Bolsonaro e Heleno, além de Ramagem, foi para tratar da vacinação contra a Covid-19.

    (Conheça e apoie o projeto Jornalistas pela Democracia)

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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