A tese furada que só beneficia Bolsonaro e Heleno
Reinaldo Azevedo defendeu "que a estrutura usada para a produção do relatório em favor de Flávio Bolsonaro é uma Abin clandestina dentro da Abin", destaca Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia. "A tese é tudo o que Bolsonaro, Augusto Heleno e a própria Abin querem ler. Se a estrutura é de uma Abin clandestina, os chefes podem dizer que não sabiam de nada"
Por Moisés Mendes, do Jornalistas pela Democracia
Um dos textos que mais circulam desde ontem nas redes sociais, em sites e blogs parece ter sido escrito pela defesa de Bolsonaro.
É o artigo com uma tese furada de Reinaldo Azevedo. O ex-lavajatista defendeu em artigo na Folha que a estrutura usada para a produção do relatório em favor de Flávio Bolsonaro é uma Abin clandestina dentro da Abin.
Ora, a tese é tudo o que Bolsonaro, Augusto Heleno e a própria Abin querem ler. Se a estrutura é de uma Abin clandestina, os chefes podem dizer que não sabiam de nada e não têm envolvimento com os crimes.
O que está claro, com a participação de Augusto Heleno na reunião de agosto, que tratou do caso dentro do Planalto, ao lado de Augusto Ramagem, da Abin, é que a estrutura é a oficial, com comando oficial.
Os operadores do esquema podem ser parte de um grupo que age para proteger os Bolsonaros, mas acionado pelas chefias. O que Reinaldo tenta dizer é que se imagina que, como regra, os servidores da área de inteligência prestem serviços ao Estado, e não à família.
Afirmar, a partir daí, na tentativa de defender esses servidores republicanos, que a estrutura é clandestina só ajuda a absolver todos os envolvidos no esquema de Bolsonaro para montar a proteção ao filho e a maracutaia do relatório.
Clandestina em relação a quem e a o quê? Como clandestina, se os chefes da área participaram de um encontro com os advogados de Flávio? O esquema pró-Flávio, que é também pró-Bolsonaro e toda a família, não é um braço orgânico da Abin, sob o controle dos comandos?
Reinaldo Azevedo foi ingênuo, no esforço para produzir um texto com uma ideia que ele possa ter achado original e com um pretenso furo jornalístico. Ofereceu subsídios que Bolsonaro e o general queriam ler.
O que deve ser investigado é a estrutura oficial da Abin, a partir dos seus comandos, para que se descubram as engrenagens do mecanismo pró-Flávio. Não agir assim é acreditar que existe um grupo autônomo dentro da Abin.
O único que não se beneficia da tese de Reinaldo é Flávio, que pode ser acusado de ter formado um grupo de arapongas dentro da estrutura de Estado.
Os outros todos podem dizer que foram traídos e que a reunião de agosto, com os advogados de Flávio, mais Bolsonaro e Heleno, além de Ramagem, foi para tratar da vacinação contra a Covid-19.
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