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Jair de Souza

Economista formado pela UFRJ, mestre em linguística também pela UFRJ

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A Venezuela bolivariana e seu pecado original

'Uma eleição presidencial na Venezuela será sempre considerada como suspeita pela mídia corporativa capitalista', escreve o colunista Jair de Souza

O presidente venezuelano Nicolás Maduro (Foto: Presidência Venezuela/Telesur)

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Pois é, não adianta nutrir esperanças em sentido oposto. A Venezuela vai continuar no centro da atenção negativa dos grandes meios corporativos. Com a assinatura dos Acordos de Barbados e a aproximação da data da próxima eleição presidencial, tinha-se a expectativa de que haveria uma suavização dos ataques e se abriria espaço para que as disputas internas da Venezuela pudessem seguir por uma via política normal.

Mas, não tem sido assim. A Venezuela tem inegavelmente o sistema eleitoral mais seguro e confiável do planeta. E, ao dizer isto, queremos ressaltar que os Estados Unidos, a França, o Reino Unido, a Alemanha, o Canadá, o Japão, etc., também fazem parte do planeta. Mas, não importa, uma eleição presidencial na Venezuela será sempre considerada como suspeita pela mídia corporativa capitalista.

A razão para que isso se dê se deve a um pecado original que a Venezuela atual leva em seu interior. E, por tratar-se da infração mais condenável para os defensores do capitalismo, entende-se a constante campanha de ataques que a Venezuela tem de enfrentar em seu dia a dia.

É que, com a chegada de Hugo Chávez à presidência e sua decidida implementação do programa de governo bolivariano, as estruturas tradicionais de poder na Venezuela foram sendo radicalmente transformadas. E, aqui, estamos fazendo referência ao termo radical em sua plenitude etimológica, ou seja, as estruturas de poder foram modificadas pela raiz, em suas bases. E aí está o cerne do problema, o grande pecado que os teóricos defensores do capital não aceitam perdoar.

Sendo assim, com a expansão de estruturas de poder sedimentadas pelas bases, os interesses do capital já não contam com garantias absolutas de que acabarão por se impor, ocorra o que ocorrer em eleições presidenciais. Os revolucionários venezuelanos souberam compreender que o mero exercício formal da presidência não consegue garantir a sustentação de um governo popular diante dos ataques do grande capital. Somente uma estrutura baseada em amplo apoio popular direto tem condições de se contrapor a tal ameaça. E edificar este sistema de poder popular foi o objetivo central de Hugo Chávez, o qual se manteve vigente mesmo após sua morte física.

Como é sabido, o grande capital tem aversão à democracia. No entanto, é capaz de tolerá-la, sempre e quando, as bases do poder real se mantenham firmemente sob seu controle, exercido por meio de seus serviçais. Por isso, ao subverter este princípio básico das normas burguesas, os bolivarianos passaram a ser considerados como inimigos a ser extirpados da vida política. Do ponto de vista dos defensores da submissão total ao grande capital, este fogo cerrado inclemente, disparado dia sim e outro também, contra a imagem da Venezuela Bolivariana está mais do que justificado.

Como as forças pró-capitalismo no interior da Venezuela não estão em condições de derrotar o governo bolivariano por meio do voto popular, e como também não podem recorrer ao sistema judiciário ou aos militares, colocam quase todas suas esperanças nas pressões exercidas a partir dos Estados Unidos e de outros países da Europa Ocidental, com o objetivo de isolar a Venezuela do mundo, criar-lhe todo tipo de dificuldades e roubar-lhes (literalmente) seus recursos financeiros. Ao compactuar com isso, confiam que o crescimento da insatisfação popular interna acabe chegando ao ponto de transformar-se em revolta contra o próprio sistema bolivariano.

Para a lamentação dos prepostos do capital, até hoje seus esforços não lhes renderam os frutos esperados. É certo que têm gerado enormes transtornos para a vida do povo venezuelano, dificultando-lhes o acesso a coisas substanciais para a vida. Mas, ainda assim, a consciência popular parece seguir inabalada. E é devido a isto que as agressões midiáticas contra a Venezuela Bolivariana vêm sendo intensificadas nos últimos dias.

Como sabem que será difícil convencer as massas populares venezuelanas a assumir suas discordâncias com o sistema democrático em vigor, buscam fomentar um clima de adversidade no exterior no intuito de que, com isso, os revolucionários acabem se sentindo asfixiados e se rendam.

No vídeo que indicamos neste enlace (https://www.dailymotion.com/video/x8x08za; https://youtu.be/axFo2-8U3CA) vamos observar como se deu a tentativa de desmoralizar o processo eleitoral venezuelano e, a partir daí, desacreditar os resultados da próxima eleição.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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