A violência como política de Estado
A escala da violência policial em São Paulo é reflexo da política excludente e antissocial imposta pelo governo Tarcísio também em várias outras frentes
Os “casos isolados” de violência policial em São Paulo são resultados da exitosa política fascista de Tarcísio de Freitas, discípulo do bolsonarismo. Não são casos isolados. Portanto, é a experimentação que deu certo. O governador fluminense que ainda ocupa o Palácio dos Bandeirantes pode até fazer cara de arrependido por ter sido sumariamente contrário às câmeras corporais, ou se mostrar consternado por tantas mortes de gente preta, pobre e periférica. Tudo isso é pantomima, um teatro de celebração por um plano que está dando certo. E ele não mudará de comportamento, pois tem a força policial e boa parte das gentes de bens com ele.
Tarcísio estava completamente errado sobre câmeras corporais e os eleitores paulistas estavam completamente errados sobre Tarcísio. Pelo menos a maioria estava. Como corrigir? Tarcísio deveria começar demitindo Derrite, e o povo paulista, demitindo Tarcísio. Um dá para fazer agora, o outro, pelo jeito, somente daqui a dois anos, já que a Assembleia Legislativa de São Paulo está bem comprometida com o governador. Era evidente a eficiência das câmeras da mesma forma que era evidente a postura fascista de Tarcísio. Literalmente, só não via quem não queria.
Em uma análise mais moderada, podemos concluir que a escala da violência policial em São Paulo é reflexo da política excludente e antissocial imposta pelo governo Tarcísio também em várias outras frentes. Investir na truculência em vez da inteligência, promover a arma em vez do diálogo e ler a cartilha do “como atirar no marginal ali” em vez do “como tirar o marginal dali” resultam na letalidade nunca antes vista, nem mesmo no período ditatorial. Ou seja, neste governo, não apenas a estética de símbolos, documentos e cartazes é fascista.
A violência policial aumentou, e muito. Com discurso de bandido bom é bandido morto, o policial passa a ser justiceiro e não tem suporte de inteligência para avaliar verdadeiros riscos e estratégias para combater o crime, restando a força bruta. Insisto: a política adotada é a higienista, em que o pobre, periférico e majoritariamente negro é visto como estorvo para a sociedade, dando um descomunal poder aos policiais que têm cada vez menos formação psicológica adequada para enfrentar conflitos e trazer verdadeira segurança à população. Um exemplo corriqueiro é que alunos negros em abordagem rotineira de averiguação foram humilhados a quase tirar a roupa para mostrar que não estavam portando armas, enquanto os colegas brancos sequer foram indagados.
O medo de presenciar um caso desses é grande, pois a regra é sermos todos culpados ou suspeitos. Até em verificações corriqueiras no trânsito, a truculência policial é a regra. Os exemplos mais graves, filmados e noticiados, foram feitos às escondidas, e não duvido que os que filmaram sejam ameaçados, se forem revelados.
Enquanto as políticas inclusivas do governo federal estão levando à diminuição da pobreza, a despeito do que o “mercado” avalia, Tarcísio de Freitas e sua polícia assassina estão diminuindo o número de pobres aplicando o princípio de Justo Veríssimo, personagem de Chico Anysio, que queria que o “pobre se exploda”. Se for negro e periférico, mais efetiva será a ação da “segurança pública”. Uma criminosa vergonha para nosso Estado!
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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