TV 247 logo
      Miguel Paiva avatar

      Miguel Paiva

      Miguel Paiva é chargista e jornalista, criador de vários personagens e hoje faz parte do coletivo Jornalistas Pela Democracia

      2318 artigos

      HOME > blog

      Ainda (e sempre) o 8 de janeiro

      "Ainda bem que o planeta é imenso e tem espaço para quem discorda democraticamente, homens e principalmente. mulheres"

      O levantamento que o jornal O Globo fez sobre os participantes nos atos golpistas de 8 de janeiro revelam coisas interessantes. A maioria foi de homens abaixo dos 60 anos e de classe média considerada autônoma. Mulheres foram minoria e idosos também. Além de derrubar a tese desesperada que que erram velhinhas segurando a Bíblia, também demonstra que esses movimentos priorizam posições masculinas.

      Os homens nesses últimos anos de Brasil foram relevados à ultima instância. São massa de manobra, sem instrução, sem conhecimento e sem reflexão. Querem soluções para os problemas que existem de modo quase mágico, sem abstração sem comprometimento com o trabalho coletivo. Pois é, são individualistas e meritocratas sem ter o mérito que tanto valorizam. Mas como o mérito vira uma coisa meio espiritual pode ser que um dia sejam agraciados. Melhor do que lutar pelo bem de todos.

      Esse pessoal todo estimulado por um discurso fácil que vai no coração dessas questões e por uma graninha extra que veio do agro e dos financiadores formaram a massa de manobras necessária. O ódio que é também um sentimento estimulado se juntou a essas questões e os golpistas viraram um exército perfeito para criar as condições para uma intervenção militar e policial e reestabelecer a “ordem” quebrada. Esquema fácil, equação quase banal que por sorte o governo eleito não caiu.

      Lula, influenciado por Janja, uma mulher, não aceitou e o Brasil, a duras penas, adotou o caminho do retorno à democracia. Pagamos um preço alto e continuamos pagando. A quadrilha golpista continua sobretudo no congresso onde formam um apoio forte ao projeto de anistia e majoritariamente composto por homens. Isso tudo porque, depois de 64, no fajuto projeto de Anistia Ampla Geral e Irrestrita os militares criminosos entraram na onda. Foram anistiados junto a quem lutou para fazer o Brasil voltar à Democracia. Aí, institucionalizou-se a péssima ideia da anistia. O Brasil virou a terra das tentativas mal sucedidas que depois são perdoadas.

      Assim vamos indo nesta onda de incertezas e instituições frágeis. Queremos uma Democracia forte e institucional que recorra à justiça só quando se vê ameaçada. Chega de pressões fajutas por uma anistia que virou fruta na hora da xepa. Todos pedem e todos querem. Basta. Não somos uma democracia que serve só para criar uma imagem internacional para governos dúbios de direita. Queremos ser reconhecidos por nosso papel preponderante no Sul Global, pela nossa importância como país sólido que participa dos processos mundiais e não instrumento de autoritarismo e aventuras nazifascistas que um certo senhor das armas e do norte quer impor ao mundo. Ainda bem que o planeta é imenso e tem espaço para quem discorda democraticamente, homens e principalmente. mulheres.

      * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

      ❗ Se você tem algum posicionamento a acrescentar nesta matéria ou alguma correção a fazer, entre em contato com redacao@brasil247.com.br.

      ✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no Telegram do 247 e no canal do 247 no WhatsApp.

      iBest: 247 é o melhor canal de política do Brasil no voto popular

      Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista: