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    Rodrigo Vianna

    Jornalista desde 1990. Passou por Folha, TV Cultura, Globo e Record; e hoje apresenta o "Boa Noite 247". Vencedor dos Prêmios Vladimir Herzog e Embratel de Jornalismo, é também Mestre em História Social pela USP. Blogueiro, integra a direção do Centro de Estudos Barão de Itararé.

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    Aliados de Lula podem administrar metade dos estados: confira o balanço da eleição para governador

    "O PT deve ser o maior vitorioso, com a eleição de cinco governadores; o PL de Bolsonaro só lidera no Rio; PSDB e PSD ficam menores", analisa Rodrigo Vianna

    (Foto: Ricardo Stuckert)

    A eleição para governadores é um bom termômetro das dificuldades vividas por Jair Bolsonaro numa eleição em que o presidente ameaça o país com golpes mas não consegue o principal: votos.

    O Partido Liberal (PL), legenda alugada pela família presidencial, só tem chances consistentes em uma das 27 unidades da federação: o Rio de Janeiro. Lidera a disputa com Cláudio Castro, mas terá provavelmente que enfrentar um duro segundo turno contra o PSB de Marcelo Freixo - apoiado por Lula. No Sergipe, o candidato do PL aparecia em primeiro nas pesquisas, mas teve a candidatura impugnada pelo TRE e o quadro é nebuloso.

    No campo da direita, quem avança nos estados é o União Brasil (UB), fruto da fusão do velho DEM com o PSL (que serviu de ninho para o bolsonarismo em 2018). O partido parece ter-se dado bem ao evitar aliança formal com o bolsonarismo, e pode eleger 4 governadores; mas sua área de influência ficará restrita a regiões menos populosas do Brasil: Centro Oeste e Norte (Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas).

    No campo lulista, o PT pode conquistar 5 estados, incluindo jóias da coroa: São Paulo, Rio Grande do Norte e Ceará (onde já lidera), além de Bahia e Piauí, onde os sinais são de viradas que favorecem os petistas. O aliado PSB lidera com folga em três unidades da federação (Maranhão, Paraíba e Espírito Santo), além de ainda disputar o Rio de Janeiro. 

    Lula teria vitórias também com aliados do Solidariedade (Marília Arraes lidera em Pernambuco e Clécio no Amapá - os dois são ex petistas) e do MDB - a tradicional legenda pode ganhar quatro estados, incluindo triunfos de candidatos lulistas em Alagoas e no Pará, o que confirma o poder das famílias Calheiros e Barbalho.

    O PSD de Kassab (favorito no Paraná) e o PSDB (no Rio Grande do Sul) devem encolher, passando a governar apenas um estado cada um. Os tucanos dependem de uma virada hoje improvável de Rodrigo Garcia em São Paulo para manter alguma relevância nacional.

    Um levantamento feito com base nas pesquisas estaduais do IPEC, e apoio de resultados do DataFolha e Atlas, indica a possibilidade do seguinte quadro partidário no comando dos estados, a 10 dias da eleição:

    • PT - 5 governadores (São Paulo, Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí)
    • MDB - 4 (Pará e Alagoas - aliados de Lula; Mato Grosso do Sul e DF - alinhados à direita)
    • UB - 4 (Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas)
    • PSB - 3 (Maranhão, Espírito Santo e Paraíba)
    • Solidariedade - 2 (Amapá e Pernambuco - aliados de Lula)    
    • PP - 2 (Acre e Roraima)
    • Republicanos - 2 (Tocantins e Santa Catarina)
    • PSD - 1 (Paraná)
    • PSDB - 1 (Rio Grande do Sul)
    • Novo - 1 (Minas Gerais)
    • PL - 1 (Rio de Janeiro)
    • Indefinido - 1 (Sergipe - candidato do PL, Valmir de Francisquinho, lidera a pesquisa mas teve a candidatura impugnada; disputa pode ficar entre PT e PSD)

    Se Freixo (PSB) conseguir uma virada no Rio, aumentará o cacife dos partidos aliados de Lula que passariam a administrar 13 estados - somando PT, PSB, MDB lulista e Solidariedade.

    O Centrão (UB, PP, Republicanos e MDB conservador) viria logo atrás: administraria 10 unidades da federação, mas com menor peso econômico e populacional. 

    Partidos da centro-direita (PSDB e PSD) ficariam restritos a Paraná e Rio Grande do Sul.

    O partido Novo manteria Minas Gerais - resultado que poderá ser creditado mais a Romeu Zema do que à legenda neoliberal.

    Resta saber o que acontecerá em Sergipe, para fechar a contabilidade.

    Essa conta é provisória, claro. O PT só poderá sentir-se de fato vitorioso se conquistar a Bahia com Jerônimo e São Paulo com Haddad - territórios em que a batalha é dura.

    O PDT pagará um preço muito alto pelo descalabro cirista: além de ter a bancada reduzida, ficará sem governadores. Ciro cumprirá - para os trabalhistas - papel semelhante ao exercido por Dória no PSDB.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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