Alô, comunidade: meu agradecimento ao encerrar uma fase no 247!

O primeiro aprendizado: aqui no 247 não há “público” nem “audiência” passiva, mas uma comunidade que ajuda a construir a informação. Foi assim que nasceu o bordão com o qual tive a satisfação de iniciar as transmissões a cada edição do Boa Noite 247, durante três anos: “alô, comunidade 247...”.

Debater a cada fim de tarde, pelo nosso grupo de zap, as pautas que seriam comentadas pelos colegas; organizar o texto de abertura do programa, com o resumo de notícias do dia anotado numa folha de papel, à mão; correr para a frente do computador, ajustar luz e enquadramento; apertar o botão da transmissão e então... a mágica! Começava uma viagem informativa diária. Tudo feito do “estúdio” improvisado, nos fundos de casa. Um trabalho quase artesanal – mas feito com profissionalismo e paixão.

Informação, opinião, interação. Três anos de uma aventura nova no jornalismo, que agora se encerra para mim.

Em 2020, as portas haviam se fechado na profissão, depois de três décadas como jornalista. A chamada “grande imprensa” estava aliada ou subordinada ao fascismo. O país vivia sob o signo de um governo de destruição e violência, e ainda sentíamos a ameaça da pandemia. Quando todas as portas se fechavam, o Florestan Fernandes Jr ajudou a abrir uma nova. Apresentou-me ao Leonardo Attuch e ao mundo das transmissões pela internet.

Minhas primeiras participações na TV 247 foram ainda como convidado, no Bom Dia especial aos domingos. Logo, veio o generoso convite para apresentar o Boa Noite ao lado de Gisele, Dafne e Dayane. Foi uma alegria enorme descobrir esse mundo jornalístico que mistura Televisão, Rádio e Internet. E uma honra fazer isso ao lado de uma equipe de comentaristas com experiência, boas fontes e disposição para resistir.

Sim, os tempos eram duríssimos (ainda são). Havia (ainda há) um sentido claro de resistência a cada transmissão. Era preciso, todos os dias, informar e lutar contra o avanço da barbárie. Ao mesmo tempo, dezenas de vezes eu disse no ar: “aqui, não brigamos com os fatos”. O jornalista pode ter lado (sempre tem, sobretudo quando finge não ter), mas não deve brigar com o fato. Jamais.

E assim navegamos. A cada noite. E a cada semana no Bom Dia especial aos domingos – programa que também tive o prazer de conduzir.

Sou muito grato à comunidade 247, aos colegas jornalistas (da TV e do site) e ao Leonardo Attuch, por esses três anos que agora se encerram – a meu pedido. Alguns momentos foram inesquecíveis: cobri ao vivo a primeira entrevista de Lula, após recuperar os direitos políticos, diretamente do Sindicato dos Metalúrgicos no ABC; participei da superlive em que a TV 247 atingiu 1 milhão de inscritos bem no dia da eleição de 2022; comemorei ao vivo, emocionado, a vitória contra a barbárie bolsonarista; e cobri a posse de Lula ao lado de nossa super equipe em Brasília.

Foi inesquecível também o contato com a comunidade, durante os grandes eventos de lançamento de meu livro De Lula a Bolsonaro, combates na internet – realizados em várias cidades do país, com apoio do Brasil 247. Obrigado a tod@s pela generosa presença.

Saio do 247 com a sensação boa de ter participado de uma batalha informativa, ao fim vitoriosa: derrotamos a extrema-direita. Ela segue à espreita, é verdade. Mas colhemos uma vitória importante em 2022. E nosso trabalho ajudou a construir essa grande frente de resistência: com informação, sem brigar com os fatos.

Fizemos história. Tenho orgulho de ter participado desse movimento de resistência vitorioso e dessa equipe qualificada.

É sempre um pouco triste colocar ponto final a uma fase da vida, ainda que nesse caso a etapa se encerre sem conflito nem rusga. Vou passar mais 40 dias dedicado à pós-graduação; e, em breve, espero assumir novos desafios profissionais. Estarei sempre na torcida para que o 247 siga a crescer – cumprindo o papel de informar e de trazer opinião qualificada para essa comunidade aguerrida, da qual seguirei a fazer parte de alguma forma. Espero contar também com a torcida de todos por aqui.

Boa noite, bom dia e boa sorte para você... que mora nesse país em que há muita gente disposta a lutar e a resistir. Sempre.

Muito obrigado!