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    Denise Assis

    Jornalista e mestra em Comunicação pela UFJF. Trabalhou nos principais veículos, tais como: O Globo; Jornal do Brasil; Veja; Isto É e o Dia. Ex-assessora da presidência do BNDES, pesquisadora da Comissão Nacional da Verdade e CEV-Rio, autora de "Propaganda e cinema a serviço do golpe - 1962/1964" , "Imaculada" e "Claudio Guerra: Matar e Queimar".

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    Alunos da Uerj em luta para evitar corte de auxílio pelo governador Claudio Castro

    O motivo do confronto é a interrupção da bolsa de assistência

    Tumulto na Uerj (Foto: Reprodução/X/@Metropoles)

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    Imagens com cenas de violência tendo como cenário os corredores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) inundaram as redes sociais nesta manhã (16/08). Os estudantes ocuparam a reitoria no início da semana e o clima é tenso. O motivo do confronto, de acordo com o relato do professor Roberto Santana dos Santos, da Faculdade de Educação da universidade, foi a interrupção da bolsa de assistência aos alunos que, mesmo fora da bolsa dos cotistas – alunos carentes -, começaram a receber o auxílio durante a pandemia, pois não tinham condições mínimas para manter o estudo, mesmo em home office. 

    De acordo com o professor, as bolsas, no valor de um salário-mínimo e meio, pagas todo dia 10, foram mantidas mesmo depois da pandemia, por decisão do Conselho Universitário, pois as duas chapas que concorreram à reitoria tinham em seu programa a promessa de mantê-las, dadas as condições dos alunos que dela dependiam. Porém, apesar de mantidas, começaram a sofrer atraso no final do ano passado, levando os alunos à evasão. A verba destinada a essas bolsas é repassada direto do governo do Estado, que não vem honrando o seu compromisso.

    Para remediar, e na esperança de que o governador Claudio Castro colocasse em dia os pagamentos, os professores decidiram não lançar as faltas dos alunos carentes, a fim de não os prejudicar até a normalização dos pagamentos. Uns cumpriram, outros, não, o que foi combustível para acirrar ainda mais a revolta entre os estudantes. Desde segunda-feira (12/08), além da reitoria do campus Maracanã, estão também sob ocupação, os campi da FFP – Faculdade de Formação de Professores -, e a da Faculdade do Estadual da Baixada Fluminense (FEBF).

    Com o recesso do meio do ano, a universidade, apesar da existência do problema, não reuniu o Conselho Universitário para buscar uma solução. Pelo contrário. Por meio de uma “Aeda”, um ato estadual direto administrativo, “um decreto monocrático”, na definição do professor, “em pleno recesso, acabou com o auxílio, sem reunião do Conselho”. Ele contou, ainda, que a Associação dos Docentes da Cidade do Rio de Janeiro tirou posição pela revogação da Aeda. 

    A medida foi tomada na última semana de julho e, já no dia primeiro de agosto, entrou em vigor, pegando de surpresa a estudantada que, revoltada, iniciou o movimento pelo fim do que chamaram “Aeda da fome” e que levou à ocupação da reitoria. Nesta segunda-feira os estudantes em greve geral decidiram pelo trancamento total do prédio. A reitora Gulnar Azevedo, então, solicitou os préstimos dos seguranças patrimoniais que foram às vias de fato com professores e alunos. Subindo ainda mais a temperatura, a reitora requisitou um reforço com a presença de policiais militares no campus – o que fere o princípio da autonomia universitária. A presença dos PMs armados nas dependências da universidade representou, conforme o professor Roberto dos Santos, “um risco, para estudantes e professores”.

    Nesse momento, o Conselho Universitário está reunido tentando um acordo para o retorno do benefício, que abrange cerca de dois mil alunos. Os cotistas – que optaram pela bolsa na inscrição de ingresso -, são, hoje, em torno de oito mil alunos.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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