Alunos da Uerj em luta para evitar corte de auxílio pelo governador Claudio Castro
O motivo do confronto é a interrupção da bolsa de assistência
Imagens com cenas de violência tendo como cenário os corredores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) inundaram as redes sociais nesta manhã (16/08). Os estudantes ocuparam a reitoria no início da semana e o clima é tenso. O motivo do confronto, de acordo com o relato do professor Roberto Santana dos Santos, da Faculdade de Educação da universidade, foi a interrupção da bolsa de assistência aos alunos que, mesmo fora da bolsa dos cotistas – alunos carentes -, começaram a receber o auxílio durante a pandemia, pois não tinham condições mínimas para manter o estudo, mesmo em home office.
De acordo com o professor, as bolsas, no valor de um salário-mínimo e meio, pagas todo dia 10, foram mantidas mesmo depois da pandemia, por decisão do Conselho Universitário, pois as duas chapas que concorreram à reitoria tinham em seu programa a promessa de mantê-las, dadas as condições dos alunos que dela dependiam. Porém, apesar de mantidas, começaram a sofrer atraso no final do ano passado, levando os alunos à evasão. A verba destinada a essas bolsas é repassada direto do governo do Estado, que não vem honrando o seu compromisso.
Para remediar, e na esperança de que o governador Claudio Castro colocasse em dia os pagamentos, os professores decidiram não lançar as faltas dos alunos carentes, a fim de não os prejudicar até a normalização dos pagamentos. Uns cumpriram, outros, não, o que foi combustível para acirrar ainda mais a revolta entre os estudantes. Desde segunda-feira (12/08), além da reitoria do campus Maracanã, estão também sob ocupação, os campi da FFP – Faculdade de Formação de Professores -, e a da Faculdade do Estadual da Baixada Fluminense (FEBF).
Com o recesso do meio do ano, a universidade, apesar da existência do problema, não reuniu o Conselho Universitário para buscar uma solução. Pelo contrário. Por meio de uma “Aeda”, um ato estadual direto administrativo, “um decreto monocrático”, na definição do professor, “em pleno recesso, acabou com o auxílio, sem reunião do Conselho”. Ele contou, ainda, que a Associação dos Docentes da Cidade do Rio de Janeiro tirou posição pela revogação da Aeda.
A medida foi tomada na última semana de julho e, já no dia primeiro de agosto, entrou em vigor, pegando de surpresa a estudantada que, revoltada, iniciou o movimento pelo fim do que chamaram “Aeda da fome” e que levou à ocupação da reitoria. Nesta segunda-feira os estudantes em greve geral decidiram pelo trancamento total do prédio. A reitora Gulnar Azevedo, então, solicitou os préstimos dos seguranças patrimoniais que foram às vias de fato com professores e alunos. Subindo ainda mais a temperatura, a reitora requisitou um reforço com a presença de policiais militares no campus – o que fere o princípio da autonomia universitária. A presença dos PMs armados nas dependências da universidade representou, conforme o professor Roberto dos Santos, “um risco, para estudantes e professores”.
Nesse momento, o Conselho Universitário está reunido tentando um acordo para o retorno do benefício, que abrange cerca de dois mil alunos. Os cotistas – que optaram pela bolsa na inscrição de ingresso -, são, hoje, em torno de oito mil alunos.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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