Ao nomear Gleisi, Lula avisa que a luta não terminou
O perigo está sempre à espreita. Nosso destino é resistir para poder avançar
Ao nomear a deputada Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Lula deixa clara sua decisão de enfrentar de frente os movimentos golpistas que trabalham para sabotar o governo e emparedar o desenvolvimento do país.
Na conjuntura brasileira recente, onde momentos de tensão e ensaios antidemocráticos costumam ocorrer com preocupante frequência, a decisão de Lula é fácil de compreender.
Basta prestar atenção ao mapa da América do Sul, onde, dois séculos após a vitória das lutas pela independência, governos eleitos pelo voto popular continuam sendo depostos por armações golpistas articuladas pelo imperialismo, numa sequência sempre ameaçadora e preocupante.
“Deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822”, explica Lula, com a lógica de quem nunca deixou de lembrar que o esforço pela independência de um país não se limita a uma solitária cerimônia elegante acompanhada de gestos grandiosos que ilustram livros de história, mas exige a responsabilidade permanente de quem ocupa postos de governo. “Com coragem, estamos construindo uma República independente e cada vez melhor”, explicou Lula.
A reação do presidente não foi um gesto isolado. Exibindo uma firmeza que ajuda a entender a importância da posição assumida pelas instituições em nosso processo político sul-americano, o ministro Alexandre Moraes, do STF, aproveitou para recordar uma verdade fundamental na formação de nosso país.
“Deixamos de ser colônia em 7 de setembro de 1822”, disse Moraes, que teve a prudência de lembrar que a luta está longe de estar terminada: “Com coragem, estamos construindo uma República independente e cada vez melhor”.
Basta consultar o mapa da região para avistar, na paisagem de todos os países, abalados e até mesmo escombros de projetos de progresso que alimentaram um permanente debate político, iniciado nas guerras de independência dos séculos XVIII e XIX, até chegar aos dias de hoje. Não é difícil entender a razão.
Submetidos, em décadas recentes, a políticas regressivas que empobreceram a população e quebraram projetos de desenvolvimento e autonomia política, a região enfrenta um exótico projeto de recolonização por parte de antigas potências, que tentam forçar o continente a andar para trás – na economia, na política, no progresso social.
É assim na Argentina de Milei, erguida sobre os escombros de uma nação que, com erros e acertos, chegou a ser vista como um exemplo da civilização europeia entre vizinhos sul-americanos. Ou no Chile, que chegou a ser apontado como um avançado enclave social-democrata até se transformar num laboratório sob as botas e a tortura de Augusto Pinochet.
De uma forma ou de outra, assistiu-se na região a um processo generalizado de regressão econômica e sabotagem golpista, administrado por serviçais de Washington, interessados em recolonizar o Novo Mundo para garantir um mercado amplo e mão de obra barata a serviço de países avançados.
Referência geopolítica da região, o Brasil chegou a ser alvo de uma operação semelhante, entre 1964 e 1985, até se mostrar capaz de escapar, entre muitos trancos e inúmeros barrancos, de um retrocesso semelhante.
Este é o ponto em que o país se encontra. O perigo está sempre à espreita. Nosso destino é resistir para poder avançar.
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