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    Leonardo Stoppa

    Colunista do 247 e apresentador do programa Leo ao Quadrado, da TV 247

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    Apagão no Amapá: a solução é “DESprivatizar”

    "O que observamos hoje no Amapá é uma 'amostra grátis', mas que tem custado caro, daquilo que podemos viver em todo Brasil se a proposta de entrega do Sistema Eletrobras passar no Senado e for admitida pelo STF", escreve o colunista Leonardo Stoppa, após o quinto apagão no Amapá em menos de um ano

    (Foto: Divulgação / Reuters)

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    Não existem dúvidas que a situação do Amapá é crítica. Além do evento de ontem (16 de junho) já tivemos várias interrupções de fornecimento, os tais “apagões”. Como os mais devastadores aconteceram durante as eleições nos Estados Unidos, acredito ter sido este o motivo do presidente Bolsonaro ter dado muita atenção ao caso. Era preciso torcer pela vitória do Trump e contestar o “voto impresso”, lá nos Estados Unidos...

    Bizarrices políticas à parte, o que observamos hoje no Amapá é uma “amostra grátis”, mas que tem custado caro, daquilo que podemos viver em todo Brasil se a proposta de entrega do Sistema Eletrobrás passar no Senado e for admitida pelo STF. No Amapá, o sistema elétrico é privatizado e segundo a visão dos especialistas que auditaram os eventos acontecidos durante as eleições norte-americanas, os constantes problemas são devidos à falta da manutenção adequada do sistema. A solução plausível, já que a empresa que privatizou ainda não conseguiu resolver os problemas, seria que a Eletronorte assumisse a “bomba” entrando com investimento e conhecimento e estabilizando de vez o sistema.

    É assim que tem acontecido desde o início das “desestatizações”: privatizamos os lucros e assumimos os prejuízos. Exemplo inesquecível foram as Teles, que logo após o início do Governo Temer receberam mais de 25 bilhões para não “sairmos do ar”. As empresas foram entregues à inciativa privada para que o setor “não nos desse trabalho”, e nesta parte deu certo: A engenharia do Brasil perdeu a possibilidade de desenvolvermos aqui todo equipamento usado na internet e na telefonia Brasileira. Sem essas privatizações, Bolsonaro nem cogitaria a “espionagem da Huawei” pois teríamos o complexo industrial “UaiWei”, certamente com a tecnologia 5G brasileira, mas não queríamos ter trabalho... (apesar de que nossos engenheiros adorariam a oportunidade) Então? Entregamos as teles pros investidores, que compraram tudo de fora, mandaram os lucros pra fora, e quando apertou o Estado teve que “tapar o rombo”. Compreensível: sem internet como o Senador Heinze acompanharia carreira científica da Mia Khalifa?

    O que se sabe sobre este último problema no Amapá é que as duas linhas de transmissão pararam de funcionar simultaneamente. São duas linhas de transmissão exatamente para garantir redundância ao sistema: se uma cai, tem a outra...  Se nem executando o modelo mais confiável entre os propostos pela engenharia esta empresa privada consegue garantir continuidade de energia e o Amapá continua ficando no escuro, é preciso concordar que tem muita coisa errada acontecendo. Equipamentos projetados para durar décadas já estão falhando com 3 anos de uso... Ou os equipamentos foram subdimensionados, o que significa que a empresa comprou tudo “mais baratinho” para ver no que dá, ou a empresa economiza na manutenção para ser “mais eficiente” e alegrar os acionistas. Claro que aproveito a chance para botar um pouco de culpa no Bolsonaro, a final, ao acabar com o horário de verão o “mito” colocou todo o sistema elétrico em maior estresse térmico, mas esse pode ser um dos motivos, e todos devem ser estudados em conjunto.

    O que importa é que não há outra solução senão “desprivatizar”, assumir os prejuízos e aceitar a derrota de Trump. Ah, esqueci... Agora o presidente tem outras prioridades: Copa América, motociatas e passeio na Lua. Mas, e o Amapá? Não sei se ele já sabe do apagão, nem sei se ele se importa, mas na prática, além do sofrimento social e os prejuízos econômicos imediatos, vai ficando cada vez mais inviável para a indústria e o comércio se manterem onde esses apagões se tornaram rotina.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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